
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou neste domingo que ainda não recebeu uma resposta oficial dos Estados Unidos sobre as últimas propostas para o plano de paz de 20 pontos, que prevê um cessar-fogo e exige compromissos tanto de ucranianos quanto de russos. “Não, ainda não recebi uma resposta dos Estados Unidos. Ouvi várias mensagens através da minha equipe de negociação, mas recebi todos os sinais e estarei pronto para o diálogo que começará agora” em Berlim, afirmou o presidente ucraniano em uma conversa virtual com a imprensa, de acordo com a emissora pública de rádio e televisão Suspline.
“Hoje, temos um dia ucraniano-americano em Berlim”, explicou ele, referindo-se às reuniões na capital alemã previstas entre a equipe de negociação ucraniana liderada por Rustem Umerov, secretário do Conselho de Segurança Nacional e Defesa, e os emissários dos EUA Steve Witkoff e Jared Kushner.
Antes de partir para Berlim, Zelensky indicou que, além de se reunir com os emissários do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ele se reunirá separadamente com o chanceler alemão, Friedrich Merz, e provavelmente à tarde “com alguns outros líderes europeus”. Na opinião do presidente ucraniano, Berlim, onde haverá uma cúpula na segunda-feira, será uma importante plataforma de negociação e um eventual cessar-fogo precisa mudar a situação de segurança no terreno.
Trump criticou Zelensky por recusar plano de paz amplamente favorável aos russos
Zelensky também respondeu a declarações recentes de Trump. O presidente dos EUA afirmou que o presidente ucraniano “é o único que não gosta do plano de paz” norte-americano (que contempla todas as demandas russas enquanto deixa a Ucrânia sem garantia real de defesa), afirmando que a versão final desse documento não será do agrado de todos. “É claro que há muitas concessões em um ou outro formato do plano. Enviamos aos EUA os últimos comentários e alterações ao plano. O mais importante é que o plano seja mais justo, acima de tudo para a Ucrânia, porque a Rússia iniciou a guerra”, enfatizou.
“O mais importante é que o plano seja eficaz, para que não seja apenas um pedaço de papel, mas um passo importante para o fim da guerra. Ainda mais importante é que o plano seja tal que, após sua assinatura, a Rússia não tenha a oportunidade de lançar uma terceira agressão contra o povo ucraniano”, acrescentou Zelensky, referindo-se ao conflito armado no Donbass, que começou em 2014, e à guerra lançada pelo Kremlin em 2022.
Na opinião de Zelensky, se os EUA pressionarem Moscou, será possível obrigar o ditador russo, Vladimir Putin, a fazer concessões. “Não temos um diálogo direto com a parte russa. E no [nosso] diálogo com a parte americana, eles, se me permitem dizer, representam a parte russa, porque falam sobre seus sinais, demandas, passos, disposição ou falta de disposição”, explicou o ucraniano.
Ucrânia precisa de garantias reais de que não sofrerá novas invasões
Zelensky afirmou que a Ucrânia já fez uma concessão a respeito das garantias de segurança que negocia com os EUA, porque considera que a garantia “real” seria a adesão à Otan, mas, consciente da rejeição a essa ideia por parte de Washington e de alguns países europeus, a Ucrânia aceitaria garantias semelhantes ao artigo 5.º do Tratado da Otan, um compromisso de defesa mútua por parte dos Estados Unidos e dos colegas europeus, bem como de outros países do G7.
As garantias de segurança devem ser vinculativas, ressaltou o presidente ucraniano. “Estamos falando de força, não de honestidade. Não precisamos de declarações como o Memorando de Budapeste, mas sim de garantias reais de segurança”, disse Zelensky, referindo-se ao acordo de 1994 pelo qual a Ucrânia renunciou ao seu arsenal nuclear em troca da promessa da Rússia de respeitar sua integridade territorial e soberania.
Além disso, Zelensky considera injusta a proposta de retirar as tropas ucranianas da região de Donetsk, como exigem o plano americano e a Rússia. “Acho que hoje a opção justa possível deveria ser ficarmos onde estamos. É isso que significa um cessar-fogo. As partes permanecem onde estão e, em seguida, tentam resolver diplomaticamente todas as questões comuns. Sei que a Rússia não tem uma atitude positiva em relação a isso, mas gostaria que os americanos nos apoiassem nessa questão”, afirmou, segundo a agência Unian.
Zelensky acrescentou que os EUA propuseram que o Exército russo não entre na parte oriental da Ucrânia controlada pelas autoridades ucranianas, mas também que as tropas ucranianas se retirem de lá. “Não acho que isso seja justo. Essa zona econômica (ou desmilitarizada, nas palavras dos EUA), quem a administrará? Se falamos de algum tipo de zona tampão ao longo da linha de contato e de algum tipo de zona econômica, e acreditamos que lá só deveria haver uma missão policial e as tropas (ucranianas) deveriam se retirar, então a pergunta é muito simples: por que as tropas russas não se retiram profundamente para os territórios ocupados na mesma medida?”, questionou Zelensky. Na sexta-feira passada, o Kremlin mostrou-se disposto a aceitar uma retirada das tropas russas e ucranianas de todo o Donbass, onde a segurança ficaria a cargo das forças da Guarda Nacional russa.
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