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“Sou gestora de uma equipe e acabei criando uma amizade próxima com uma das pessoas que lidero. Conversamos fora do expediente, trocamos mensagens e às vezes saímos juntas, mas começo a me perguntar se essa proximidade pode gerar desconforto ou sensação de favoritismo entre os outros membros da equipe. Gosto muito dessa amizade, mas também quero manter um ambiente de trabalho justo e profissional. Até que ponto é adequado manter uma amizade com um subordinado fora do trabalho?” Supervisora de compras, 38 anos
Amizades no trabalho são naturais. O problema não é a relação em si – afinal, quem nunca gerou amizades no ambiente de trabalho? -, mas a percepção que ela pode gerar. No mundo corporativo, percepções constroem e destroem reputações com a mesma força de fatos concretos. A sensação de que alguém recebe mais atenção ou oportunidades corrói a confiança em silêncio até comprometer clima, engajamento e performance.
Mas isso não significa que você precise abrir mão da amizade. A chave está no reposicionamento da relação, e não na ruptura. Líderes maduros compreendem que afeto e profissionalismo podem coexistir quando existem limites, transparência e coerência.
O primeiro passo é reforçar a consistência. Suas decisões, oportunidades, conversas e feedbacks precisam seguir critérios claros para todos. Quanto mais sólidos forem seus rituais de gestão – como 1:1 estruturado, critérios explícitos de promoção e distribuição equilibrada de projetos – menor será o espaço para interpretações distorcidas. Transparência não elimina fofocas, mas reduz a força que elas podem ter.
Outro ponto importante é evitar exclusividades. A proximidade fora do trabalho não precisa acabar, mas ela não pode se transformar em um microcosmo à parte da equipe. Intercale momentos, amplie conexões, inclua outras pessoas. Quando a amizade deixa de parecer uma “dupla” e volta a ser parte da sua vida pessoal, o ambiente profissional respira melhor.
Se perceber que a dinâmica já está criando desconforto no time, talvez seja hora de conversar abertamente com sua amiga. Uma frase simples, dita com maturidade, pode redefinir tudo. Na maioria das vezes, a outra pessoa entende e a relação se fortalece.
Quando a amizade é muito forte, ou quando você sente que realmente não consegue separar os papéis, há ainda outra alternativa: ajustar a estrutura. Em algumas empresas, uma mudança de liderança direta resolve o desequilíbrio. Não é punição, é responsabilidade com o coletivo e com a própria qualidade da gestão.
No fim, o que define a saúde dessa relação não é a intensidade da amizade, mas o quanto você consegue preservar a coerência como líder. Lideranças não precisam ser frias, distantes ou inacessíveis, mas precisam ser justas. E justiça, no ambiente corporativo, nasce da combinação entre clareza, constância e coragem para colocar o time acima de preferências pessoais.
Você não precisa escolher entre ser humana e ser profissional. Precisa apenas garantir que sua humanidade não comprometa a credibilidade que o seu time coloca em você. Quando a amizade existe, mas não dita suas decisões, ela se torna ponte. E esse é o ponto de equilíbrio que toda liderança madura busca, e que você, pelo visto, já está no caminho de alcançar.
Thomas Nader é especialista em HRBP, cultura organizacional, inclusão de pessoas trans no mercado de trabalho, trabalho voluntário para comunidade LGBTQIA+ e processos seletivos inclusivos.
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Esta coluna se propõe a responder questões relativas à carreira e a situações vividas no mundo corporativo. Ela reflete a opinião dos consultores e não a do Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.
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