
O deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) afirmou que se arrependeu de ter assumido a relatoria do projeto da anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023. Posteriormente, ele fez uma manobra para tratar apenas da dosimetria das pensas, por resistência em uma tramitação seguinte no Senado pelo presidente da casa, Davi Alcolumbre (União-AP).
Desde que aceitou a tarefa, Paulinho enfrenta cobranças tanto da base governista como da oposição e promete há semanas entregar uma proposta um pouco mais palatável aos parlamentares. Segundo o deputado, o texto já está “tudo pronto na cabeça” e bastariam 20 minutos do tempo de um bom jurista para colocar tudo no papel.
“Hoje, eu não aceitaria”, afirmou Paulinho em entrevista ao UOL publicada nesta quinta (23).
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Paulinho da Força assumiu a relatoria da proposta em 18 de setembro com a expectativa de ganhar prestígio e visibilidade ao destravar um tema que paralisava o Congresso. A realidade, porém, foi bem diferente.
O deputado tentou costurar um consenso entre os partidos, conversou com líderes da esquerda e da direita, e até com familiares de presos pelos atos de 8/1. Apesar dos esforços, a proposta não encontrou apoio suficiente nem entre seus próprios aliados.
“Acho que vamos ter que fazer uma coisa pelo meio, que talvez não agrade à extrema direita nem à extrema esquerda, mas que agrade à maioria da Câmara”, afirmou em meados de setembro.
A principal crítica veio da direita, que o acusa de ter tirado a essência da anistia ao não incluir um dispositivo que absolvesse o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo os oposicionistas, a relatoria acabou se tornando uma manobra para manter a condenação de Bolsonaro e de outros investigados, contrariando a vontade de parte expressiva dos aliados do ex-presidente.
Paulinho defendeu um caminho intermediário: reduzir as penas, mas sem perdoar integralmente os envolvidos. Ele rebatizou o texto, que deixou de ser o “PL da Anistia” para se chamar “PL da Dosimetria”. A mudança, no entanto, não convenceu os críticos, que enxergaram na proposta apenas uma maquiagem jurídica para evitar confrontos com o Supremo Tribunal Federal.
Na prática, o texto de Paulinho propõe alterar artigos do Código Penal para diminuir o tempo de prisão dos condenados, inclusive o de Bolsonaro, que teria a pena reduzida, mas continuaria com uma condenação superior a 20 anos. A proposta desagrada tanto a base governista quanto a oposição, que insiste em uma anistia “ampla, geral e irrestrita”.
Para os aliados do ex-presidente, qualquer projeto que não garanta a liberdade total dos presos políticos e dos condenados pelo 8/1 é inaceitável. A leitura é de que o Parlamento deve exercer sua prerrogativa e não se submeter à influência do Judiciário, especialmente de ministros do Supremo.
“O relator dessa proposta já tem convicção formada. Ele foi escolhido a dedo para fazer uma pantomima, um disfarce de dosimetria. Eles não querem, de fato, fazer anistia, que é o que cabe ao Legislativo. A dosimetria é competência do Poder Judiciário. Por isso, sabendo que o relator está servindo como instrumento de manobra de um ministro do STF, inclusive Alexandre de Moraes, já adianto aqui: eu e outros deputados votaremos contra esse embuste de relatório”, afirmou o vice-líder da oposição, deputado Ubiratan Sanderson (PL-RS), em meados de setembro.
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