
As primeiras menções ao nome de Fábio Luís da Silva, filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Lulinha, no âmbito das investigações sobre as fraudes no INSS surgiram a partir de sua relação de amizade com a empresária Roberta Luchsinger. O vínculo entre os dois apareceu nos relatórios da Polícia Federal no momento em que as investigações avançaram sobre o círculo de relações pessoais e profissionais de Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”.
Lulinha não é investigado pela Polícia Federal no caso das fraudes no INSS e não há provas documentais conclusivas sobre seu envolvimento com Antunes. A Gazeta do Povo tenta, há pelo menos três semanas, contato com Lulinha e sua defesa, mas sem sucesso. O espaço segue aberto às manifestações.
Diante disso, a CPMI do INSS, instalada para investigar o esquema bilionário de fraudes em descontos indevidos aplicados a aposentados e pensionistas, é alvo de uma disputa política que agora envolve o nome do filho mais velho de Lula. Na terça-feira (16), deputados da oposição acusaram governistas de blindar Lulinha mesmo diante de possíveis evidências de uma viagem a Portugal que Lulinha teria feito com Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”.
A nova fase da Operação Sem Desconto investiga cinco pagamentos de R$ 300 mil feitos por Antunes a uma empresa de Roberta. Nos diálogos analisados pelos investigadores, o empresário afirma que o destinatário dos valores seria “o filho do rapaz”, sem especificar a quem se referia.
Em uma das mensagens trocadas, a empresária tenta tranquilizar o Careca do INSS dizendo: “na época do Fábio falaram de Friboi, de um monte de coisa o (sic) maior… igual agora com você”. Apesar disso, até o momento, as investigações não revelaram se a pessoa citada é Fábio Luís da Silva.
Em 2015, Lulinha processou políticos por relacionarem, sem provas, seu nome à Friboi, empresa controlada pela J&F, dos irmãos Wesley e Joesley Batista. O nome completo do filho de Lula não aparece na decisão e ele não é formalmente investigado.
Em 4 de dezembro, a CPMI do INSS tentou convocar Fábio para apurar o possível envolvimento dele no esquema, mas a base governista conseguiu barrar o pedido. Após a nova fase da operação, parlamentares do Novo, que fazem parte da CPMI do INSS, apresentaram um novo pedido de convocação de Lulinha.
O filho do presidente e o “Careca do INSS” teriam realizado viagens juntos a Portugal — uma delas teria sido na primeira classe de um voo de Guarulhos a Lisboa, em novembro de 2024, segundo depoimento à PF do ex-assessor de Antunes, Edson Claro.
Fábio Luís da Silva, de 50 anos, é o filho mais velho de Lula com a ex-primeira-dama Marisa Letícia, que morreu em 2017. Ele é formado em Ciências Biológicas pela Universidade Paulista, já chegou a trabalhar em um zoológico de São Paulo, mas virou empresário no setor de tecnologia. Segundo o portal Metrópoles, Lulinha vive na Espanha atualmente.
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou sobre as investigações relacionadas ao INSS e disse que todas as pessoas envolvidas no esquema de descontos ilegais do INSS devem ser investigadas. “É importante que haja seriedade para que a gente possa investigar todas as pessoas que estão envolvidas, todas as pessoas. Ninguém ficará livre. Se tiver filho meu metido nisso, ele será investigado”, disse Lula a jornalistas nesta quinta (28).
O irmão de Lula, José Ferreira da Silva, o Frei Chico, também é citado nas investigações. Ele é vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), uma das entidades investigadas pelos desvios indevidos.
Nesta segunda (16), o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, evitou falar sobre a citação ao filho de Lula no caso. “Eu não posso fulanizar e falar detalhes de investigações que não tenho detalhes”, disse Rodrigues durante uma reunião com jornalistas, informou o Poder360.
“Não basta uma pessoa ser citada para ser considerada investigada ou não investigada. Desconheço esse detalhe desse processo, creio que é um processo que está ainda sob sigilo. E que, infelizmente, surgiu essa possibilidade e que eu não posso comentar pelo sigilo da investigação”, acrescentou o chefe da PF.
Outro caso envolvendo o filho de Lula
O caso de maior repercussão foi a Operação Mapa da Mina, deflagrada em dezembro de 2019 como a 69ª fase da Operação Lava Jato. À época, o Ministério Público Federal (MPF) investigou repasses que somariam R$ 132 milhões — valor que a PF estimava em até R$ 193 milhões — a um grupo de uma empresa de tecnologia e games, entre 2004 e 2016.
Os sócios da empresa eram Fábio e os “donos oficiais” do sítio de Atibaia, pelo qual Lula foi condenado na Lava Jato. O MPF apontou supostos indícios de que a empresa de tecnologia não tinha mão de obra ou ativos para realizar os serviços contratados, o que sugeria a existência de contratos de fachada para o pagamento de propinas.
Segundo os procuradores, havia suspeitas de que contratos teriam sido usados para dissimular o pagamento de propinas. Desde o início, a defesa de Lulinha contestou a competência da 13ª Vara Federal de Curitiba, argumentando que os fatos não possuíam relação com desvios na Petrobras e deveriam tramitar em São Paulo.
Além disso, os advogados denunciaram o vazamento de documentos sigilosos à imprensa, alegando abuso de autoridade e antecipação de culpa. No entanto, em 2020, a juíza Gabriela Hardt defendeu a publicidade do processo, citando a “magnitude” dos crimes e o interesse público.
O cenário mudou quando o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a suspeição do ex-juiz Sergio Moro (União-PR), hoje senador, nos processos da operação. Como as quebras de sigilo fiscal, bancário e telemático que embasaram o inquérito contra Lulinha foram autorizadas por Moro ou derivadas de suas decisões, foram declaradas provas ilícitas.
Em dezembro de 2021, o próprio MPF pediu o arquivamento do caso, citando a decisão do STF. Ao receber o caso transferido para São Paulo, a juíza Fabiana Alves Rodrigues, da 10ª Vara Criminal Federal, acolheu o pedido. A magistrada destacou que, com a exclusão das provas anuladas, não restavam elementos indiciários que justificassem a continuidade das investigações. O caso foi arquivado definitivamente em janeiro de 2022.
Lulinha conseguiu indenização após ser chamado de “idiota”
Em março de 2024, a Justiça de São Paulo condenou um lobista a pagar indenização de aproximadamente R$ 32 mil (com correção e custas) por danos morais a Lulinha. Ele chamou o filho do presidente de “idiota” durante uma entrevista à revista Veja na véspera da eleição presidencial de 2006.
Durante a conversa com o jornalista, o lobista se referiu a Fábio como “um idiota”, “uma decepção” e “um garoto que joga videogame”. As ofensas constavam apenas na gravação, que foi entregue à Justiça pela publicação.
A primeira instância rejeitou o pedido de Lulinha, mas a 1ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) reverteu a decisão em 2013. O caso transitou em julgado em setembro de 2023. Em seguida, a defesa do filho do presidente pediu que a sentença fosse cumprida.
Outro lado
Em outubro, quando ainda integrava a defesa de Lulinha, o advogado Marco Moreira de Carvalho disse à Gazeta do Povo que o filho de Lula não tem nenhuma relação com os fatos apurados na CPMI. Confira abaixo a nota enviada à reportagem naquela época.
“O advogado Marco Moreira de Carvalho, que representa a Fábio Luiz Lula Silva, afirma que seu cliente não tem nenhuma relação direta ou indireta com os fatos que estão sendo apurados na CPMI do INSS. O advogado prossegue reiterando que Fábio tem sido vítima recorrente de ódio, intolerância e de mentiras que são propagadas nas redes e que atentam contra sua dignidade e atingem a sua honra.
Indagado sobre o relacionamento de seu cliente com a empresária Roberta Luchsinger, o advogado afirma que são amigos, o que é motivo de alegria para ambos, que isso é público e que até onde se sabe ela própria não tem sido objeto de nenhuma investigação.
Em nota enviada ao jornal O Estado de S. Paulo, a defesa de Roberta Luchsinger disse nesta quinta-feira (18) que a empresária “jamais teve qualquer relação com descontos do INSS” e afirmou que ela foi procurada por Antônio Camilo para atuar na regulação de empresas de canabidiol.
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