Imprensa internacional repercute prisão preventiva de Bolsonaro

A prisão preventiva do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL), ocorrida nesta manhã (22) pela Polícia Federal (PF), após determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ganhou destaque em jornais do mundo todo. Confira as repercussões:

The Guardian

O periódico inglês The Guardian, que destacou a prisão preventiva nas manchetes de seu site, afirmou que “a polícia brasileira prendeu Bolsonaro sob suspeita de fuga” e citou a Papuda.

“A especulação sobre a iminente prisão de Bolsonaro atingiu o auge nos últimos dias, com aliados expressando indignação diante da possibilidade do ex-presidente ser enviado para uma prisão de segurança máxima em Brasília chamada Papuda”, avaliou o jornal.

Associated Press (AP) 

A Associated Press, agência de notícias americana, também destacou a suposta intenção de fuga do ex-presidente, alegada por Moraes.

Na matéria republicada por gigantes da mídia internacional, como o jornal americano The Washington Post e a NBC News, a AP classificou Bolsonaro como “uma figura controversa na política brasileira” e destacou que seus advogados “imploravam ao Supremo Tribunal Federal que o mantivesse em prisão domiciliar para cumprir a pena, alegando seu estado de saúde precário”.

A agência americana lembrou que Trump, descrito como aliado do ex-mandatário brasileiro, classificou o julgamento que condenou Bolsonaro como um “caça às bruxas” e que o caso “foi mencionado em uma ordem executiva de julho do governo americano que aumentou em 50% as tarifas sobre diversas exportações brasileiras.”

El País

Classificando Bolsonaro como um líder de “ultradireita”, o jornal espanhol El País relembrou a condenação do ex-presidente por tentativa de golpe e citou que ele foi “preso após adulterar sua tornozeleira eletrônica na véspera de começar a cumprir sua pena”.

O periódico espanhol citou ainda que a vigília — uma das razões da prisão preventiva — convocada pelo senador Flávio Bolsonaro, filho mais velho do ex-presidente, carregava um “tom nitidamente belicoso e messiânico, com referências ao ‘Deus dos exércitos’ e versículos bíblicos”.

O jornal também citou a “fuga de Ramagem”.

“Um de seus co-réus, o deputado federal brasileiro Alexandre Ramagem, condenado a 16 anos de prisão, fugiu para os Estados Unidos, apesar de estar proibido de deixar o Brasil e ter sido obrigado a entregar seu passaporte”.

Al Jazeera

O jornal árabe destacou a prisão com o seguinte título: “Bolsonaro, do Brasil, é preso dias antes do início de sua sentença de 27 anos de prisão”.

A Al Jazeera recordou as condenações de Bolsonaro, apontando uma semelhança entre o 8 de janeiro e “os tumultos de 6 de janeiro no Capitólio dos Estados Unidos, depois que seu aliado próximo, o presidente Donald Trump, perdeu a eleição de 2020 para Joe Biden”.

“Trump classificou o processo contra seu aliado de extrema-direita como uma ‘caça às bruxas’ e transformou isso em uma questão central nas relações dos EUA com o Brasil, impondo tarifas elevadas ao país como forma de retaliação”, apontou o periódico do Oriente Médio.

New York Times (NYT)

O New York Times afirmou que “o Congresso Nacional já debate como libertar” Bolsonaro da prisão e pontua que, agora, o “debate gira em torno da concessão de anistia ao Sr. Bolsonaro e aos demais réus […] lançando uma sombra sobre uma jovem democracia com um longo histórico de golpes de Estado”.

“Membros do Congresso já estão divulgando projetos de lei, comentaristas de televisão especulam sobre as chances de aprovação e manifestantes de ambos os lados protestam a favor e contra a medida. Ativistas chegaram a projetar a frase “não à anistia” com a bandeira brasileira na Tower Bridge, em Londres”, avalia o jornal novaiorquino.

Em sua análise, o NYT pontua que “está longe de ser certo que o Sr. Bolsonaro será absolvido, e o processo legislativo e jurídico ainda tem um longo caminho a percorrer antes que isso aconteça”.

“Mas o fato de a anistia já ter se tornado um tema tão proeminente, mesmo antes de um veredicto, diz muito sobre o Brasil, sua política e sua história”.