
Logo após a derrota da medida provisória que pretendia criar uma série de impostos, na última quarta-feira (8), o governo reagiu. Logo na manhã seguinte, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, concedeu uma entrevista coletiva. Na ocasião, ele disse que considerava enviar ao presidente Lula (PT) uma proposta para cortar R$ 10 bilhões em emendas parlamentares. Isso resolveria parte do problema, já que a derrota levou à perda de R$ 17 bilhões em arrecadação.
A retaliação, porém, começou de outra forma. Após a derrota, o governo iniciou uma série de demissões em cargos do segundo escalão, incluindo secretarias e estatais. A Gazeta do Povo consultou todos os diários oficiais publicados desde a derrota da MP. Como resultado, encontramos nove demissões ligadas ao Centrão, em cinco órgãos.
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Irmã de líder do União Brasil é demitida do Iphan
Na última sexta-feira (10), o governo desligou oficialmente a superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no estado do Maranhão, Lena Carolina Brandão. Ela é irmã do líder do União Brasil na Câmara, deputado federal Pedro Lucas (União-MA).
Outro nome que recebeu defesa de Pedro Lucas foi o do engenheiro eletricista Harley Xavier Nascimento. Com a influência do partido na derrota econômica, ele foi exonerado do cargo de superintendente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).
Em 2 de setembro de 2025, o União Brasil anunciou que deixaria a base do governo. Logo após o anúncio, o partido deu prazo de 24 horas para todos os filiados deixarem cargos que eventualmente ocupassem na esplanada. O ministro do Turismo, Celso Sabino, resistiu à determinação, e agora enfrenta pedido de expulsão da sigla.
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PP e PL perdem indicações
Prestes a oficializar sua federação com o União Brasil, o Progressistas (PP) também enfrentou exoneração de seus indicados. O publicitário José Trabulo Júnior era consultor do presidente do Banco. Homem forte do senador Ciro Nogueira (PP-PI), Trabulo já trabalhou na campanha do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e já chefiou a comunicação do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB).
A destituição ocorreu na última sexta-feira (10). A Caixa informou a decisão por meio de comunicado ao mercado, em inglês. Em entrevista logo após a derrubada da MP, Ciro saiu em defesa das emendas parlamentares, explicando que elas são necessárias sobretudo em seu estado, o Piauí. Além disso, o senador criticou a tentativa do governo de aumentar ou criar impostos para compensar a perda de arrecadação decorrente de benefícios sociais.
Já o PL viu destituído do cargo de vice-presidente de Sustentabilidade e Cidadania Digital o cientista da computação Paulo Rodrigo de Lemos Lopes. Paulo é funcionário da Caixa desde 1999, e foi indicado à função de vice-presidente após um acordo entre o governo e parlamentares do PL ligados ao Centrão
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Deputada do MDB contraria orientação, vota contra taxação e governo responde

O policial rodoviário federal Igo Gomes Brasil foi exonerado do cargo de superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes de Roraima (Dnit-RR). A indicação de Igo ocorreu pelas mãos da deputada federal Helena Lima (MDB-RR). O MDB orientou seus deputados a votarem a favor do governo na MP da Taxação. Helena, porém, não seguiu a orientação, e optou por trabalhar pela derrubada da medida.
Em suas redes sociais, Igo demonstra, em postagens com edição de vídeo e miniatura, os feitos do Dnit no estado de Roraima.
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PSD, de Kassab, perde cargos no Ministério da Agricultura
O Ministério da Agricultura retirou de suas superintendências regionais quatro nomes apadrinhados pelo PSD, de Gilberto Kassab: Everton Augusto Ferreira, em Minas Gerais; Wellington Reis Sousa, no Maranhão; Juliana Bianchini, no Paraná; e Jesus Nazareno de Sena, no Pará.
Apesar de ser, numericamente, o maior afetado pela retaliação, o PSD não foi o maior inimigo da MP da Taxação: dos 38 parlamentares da bancada, foram 18 favoráveis e 20 contrários à medida de aumento da arrecadação federal.
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Gleisi
Em entrevista concedida no último sábado (11), o líder do governo na Câmara, deputado federal José Guimarães (PT-CE), detalhou os planos da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, para responder à derrota da MP:
“Ela disse que está com a lista e eu sei aqui do Ceará que tem cargos importantes. Disse que vai meter a faca. […] Está muito decidida. E vou dizer mais. Eu estava na reunião com ela e o Lula. Lula disse: ‘Gleisi você agiliza, viu? E mexa no vespeiro da Caixa Econômica para começar.”
Mas Gleisi também falou por si própria. Em entrevista ao jornal Estado de São Paulo, admitiu que a causa das demissões é a votação contra os impostos:
“Estamos tirando dos cargos os indicados por deputados que votaram contra a Medida Provisória nº 1.303 porque precisamos reorganizar nossa base.”
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