
O Tribunal Internacional de Crimes de Bangladesh (ICT, na sigla em inglês) condenou nesta segunda-feira (17) à morte a ex-primeira-ministra Sheikh Hasina por considerá-la culpada de crimes contra a humanidade durante a repressão aos protestos de 2024, que culminaram com sua renúncia e uma posterior fuga para a Índia, onde permanece desde então.
“Por suas acusações (de crimes contra a humanidade), decidimos impor-lhe apenas uma sentença, que é a pena de morte”, disse o juiz Golam Mortuza Mozumder, durante a leitura do veredito retransmitida pela emissora de televisão bengalesa BTV.
Antes da condenação final, o tribunal já havia imposto a Hasina uma sentença de prisão perpétua por crimes que constam no processo, ao considerá-la responsável por incitar a violência, ordenar o uso de armas letais contra os estudantes que protestavam e não tomar medidas para evitar os abusos.
O ex-ministro do Interior bengalês, Asaduzzaman Khan Kamal, também foi condenado à morte pelo mesmo caso, enquanto o ex-inspetor-geral de polícia Chowdhury Abdullah Al-Mamun – que depôs como testemunha do Estado – recebeu uma pena reduzida de cinco anos de prisão.
Segundo a decisão, a condenação capital contra Hasina corresponde à sua responsabilidade no tiroteio e assassinato de seis manifestantes desarmados em Daca em 5 de agosto do ano passado, um dos episódios mais graves da repressão ao levante estudantil.
O tribunal revisou cinco acusações no total, que incluíam assassinato, tentativa de assassinato, torturas, outros atos desumanos e a omissão deliberada de impedir abusos cometidos pelas forças de segurança e militantes da Liga Awami (partido então no governo).
A sentença foi anunciada sob um forte dispositivo de segurança que envolveu o Exército, a polícia e outros setores de segurança.
Sheikh Hasina, líder da Liga Awami e a primeira-ministra que por mais tempo governou Bangladesh, deixou o poder em agosto de 2024 após um levante liderado por estudantes e jovens que denunciavam abusos das forças de segurança, corrupção e repressão política.
As manifestações começaram de forma pacífica, mas logo foram duramente reprimidas pelas forças de segurança sob seu comando, o que forçou sua renúncia em 5 de agosto e sua posterior fuga para a Índia.
A ONU estimou em fevereiro de 2025 que cerca de 1.500 pessoas morreram durante a denominada “Revolução de Julho”, após a qual assumiu um governo interino chefiado pelo Nobel da Paz Muhammad Yunus.
Sheikh Hasina acusou nesta segunda-feira o governo interino de Muhammad Yunus de perseguição política. Ela acusou a gestão de empregar um tribunal parcial para tentar eliminá-la junto a seu partido.
“Os vereditos anunciados contra mim foram ditados por um tribunal manipulado, estabelecido e presidido por um governo não eleito e sem mandato democrático. São parciais e estão motivados politicamente”, declarou Hasina em um comunicado divulgado pela Liga Awami, a legenda política que lidera.
Hasina negou ter ordenado o uso de força letal durante os protestos e lamentou as mortes registradas, embora tenha defendido que seu governo agiu para conter a desordem e “minimizar a perda de vidas”.
Bangladesh solicita à Índia que entregue imediatamente ex-premiê condenada
O governo interino de Bangladesh pediu à Índia que “entregue imediatamente” a ex-primeira-ministra Sheikh Hasina, condenada à morte ela repressão aos protestos que forçaram sua renúncia em 2024.
“Fazemos um apelo ao governo da Índia para que entregue imediatamente estas duas pessoas condenadas às autoridades de Bangladesh”, disse o Executivo de Yunus em um comunicado, em referência a Sheikh Hasina e seu colaborador, Asaduzzaman Khan Kamal.
Segundo o governo provisório, o tratado de extradição vigente entre a Índia e Bangladesh obriga a entrega de Hasina e Kamal após sua condenação pelo Tribunal de Crimes Internacionais de Bangladesh (ICT, na sigla em inglês).
“Qualquer outro país que oferecer refúgio a estas pessoas condenadas por crimes contra a humanidade será considerado hostil e a atitude constituirá uma afronta à Justiça”, enfatizou o governo interino.
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