
Autoridades da Colômbia anunciaram nesta segunda-feira (24) a abertura de múltiplas investigações em decorrência do escândalo desencadeado por uma reportagem que revelou supostos vínculos entre altos funcionários do governo e dissidências das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) comandadas por um guerrilheiro conhecido como Calarcá.
A Direção Nacional de Inteligência (DNI) informou ter acionado “todas as medidas necessárias” para garantir “total clareza e transparência” a respeito das supostas comunicações que ligam o diretor de inteligência, Wilmar Mejía, a líderes dos grupos dissidentes.
Desde que as revelações vieram à tona, a DNI iniciou duas investigações paralelas: uma interna, conduzida pela Diretoria de Contrainteligência, e outra independente, sob a direção da inspetora-geral Isabel Molina, autoridade nomeada diretamente pelo presidente colombiano, Gustavo Petro.
“Todas as informações serão rigorosamente verificadas e sem margem para dúvidas”, declarou Mejía em um comunicado à imprensa, no qual descreveu as acusações contra ele como “imprecisas”.
Já a Procuradoria-Geral da República abriu outras duas investigações: uma contra o general reformado Juan Miguel Huertas — atual chefe do Comando de Pessoal do Exército — e outra contra Mejía por suas supostas ligações com membros de grupos dissidentes.
O ministro da Defesa, Pedro Sánchez Suárez, advertiu que associar-se a criminosos é “uma linha vermelha” que não deve ser cruzada.
A investigação jornalística do telejornal Noticias Caracol, que desencadeou o escândalo, revelou arquivos recuperados de computadores, celulares e dispositivos de memória apreendidos em 23 de julho de 2024 da facção dissidente Estado-Maior de Blocos e Frentes (EMBF), comandada por Calarcá. Esses arquivos contêm supostas comunicações referentes a contatos com Huertas e Mejía.
Em um dos e-mails revelados, datado de 8 de fevereiro de 2024, Calarcá instrui um de seus homens a se encontrar com um general da reserva do Exército, identificado na investigação como Huertas, para discutir negócios.
De acordo com esses documentos, o general da reserva teria proposto aos insurgentes a criação de uma empresa de fachada para transporte e proteção armada.
O relatório também revelou conversas entre a atual vice-presidente Francia Márquez e Néstor Gregorio Vera, conhecido como Iván Mordisco, chefe do Estado-Maior Central (EMC), o principal grupo dissidente das Farc, nas quais é mencionado um suposto apoio do grupo armado à campanha presidencial de Petro em 2022.
Nesta segunda-feira, Márquez rejeitou categoricamente essas acusações, classificando-as como maliciosas, e afirmou que não há provas conclusivas de sua veracidade. Ela alegou que sua campanha foi “limpa e transparente” e que nunca recebeu apoio de criminosos: “Quem afirmar o contrário deve prová-lo em juízo”.
Integrantes da oposição colombiana pediram a total apuração das denúncias. Fico Gutiérrez, prefeito de Medellín e que foi adversário de Petro na eleição presidencial de 2022, disse que “a Colômbia é governada por uma organização criminosa”.
“Eu fui candidato à presidência concorrendo contra Petro. Fui testemunha ocular das ameaças das Farc contra nossa campanha e nossos apoiadores. Eles assassinaram o líder indígena Jesús Montano em Cauca por me apoiar. Eles forçaram as pessoas a apoiar e votar em Petro e Francia. Que se faça justiça”, escreveu Gutiérrez no X.
Na mesma rede social, María Fernanda Cabal, senadora oposicionista, escreveu que Francia Márquez e Petro “são incapazes de ocupar o poder”. “A Colômbia os derrotará, e vocês terão que responder perante a justiça”, afirmou.
Até o momento, Petro não se pronunciou sobre as revelações, que surgem em um momento crucial do processo de diálogo com o EMBF, com o qual o governo acaba de concluir sua sétima rodada de negociações de paz.
Em outubro, o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (Ofac, na sigla em inglês) do Departamento do Tesouro dos EUA impôs sanções econômicas a Petro, à esposa dele, Veronica del Socorro Alcocer Garcia, ao filho mais velho dele e a Armando Benedetti, ministro do Interior, alegando que o governo colombiano permitiu que os cartéis de drogas “florescessem” e “se recusou a parar suas atividades”.
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