
Os Correios confirmaram nesta quarta-feira (15) que estão negociando com bancos um empréstimo de R$ 20 bilhões com garantia do Tesouro Nacional para tentar reverter a grave crise financeira que se arrasta desde 2024. A medida faz parte do novo plano de reestruturação da estatal, que acumula prejuízos bilionários e enfrenta dificuldades para manter as operações.
A possibilidade do empréstimo foi noticiada na véspera pela Folha de S. Paulo como uma articulação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para manter a estatal em pé. Os Correios acumulam um prejuízo de R$ 4,4 bilhões no primeiro semestre de 2025, contra R$ 1,3 bilhão no mesmo período de 2024. No ano passado, a empresa gastou R$ 2,9 bilhões do que tinha em caixa e em aplicações, o equivalente a 92% de seus recursos.
“A garantia da União traz a vantagem de a gente ter uma operação com custo menor, em prazo mais adequado, para ter um desenho para a operação que permita o reequilíbrio da empresa no médio e longo prazo”, afirmou o presidente dos Correios, Emmanoel Schmidt Rondon, que assumiu o cargo há menos de um mês, em uma coletiva de imprensa no final da manhã.
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De acordo com as primeiras informações da operação, o empréstimo deve ser dividido em duas etapas: R$ 10 bilhões em 2025 e mais R$ 10 bilhões em 2026. O dinheiro será destinado ao capital de giro e ao custeio de medidas de ajuste, como plano de demissão voluntária, revisão do plano de saúde e renegociação de passivos. O Tesouro Nacional poderá complementar os recursos, mas o valor ainda depende do espaço fiscal do governo.
“A gente precisa recuperar a liquidez da empresa para que a gente possa, por exemplo, ter capacidade de pagar o Plano de Demissão Voluntária (PDV). Estamos fazendo uma operação com bancos para a realização de uma operação de tomada de recursos”, declarou Rondon, ao justificar o pedido de crédito. A operação deve ser feita junto a bancos estatais como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal e privados.
Mais cedo, parlamentares da oposição criticaram a articulação de Lula para conseguir o empréstimo e afirmaram que escancara a má gestão e o descontrole fiscal da estatal.
Mesmo com medidas emergenciais, como o empréstimo de R$ 1,8 bilhão tomado na gestão anterior, a estatal continuou sem fôlego financeiro. A escassez de caixa levou ao atraso em repasses e pagamentos a transportadoras e agências conveniadas, além de comprometer o plano de saúde dos funcionários, que tiveram serviços suspensos por falta de pagamento.
“O que aconteceu de fato aqui é que a nossa empresa não se adaptou de uma forma ágil a uma nova realidade e essa falta de adaptação fez com que a gente sofresse no resultado, com falta de caixa”, reconheceu o atual presidente citando que irá analisar como o serviço postal de outros países conseguiu manter a solvência.
O novo plano de medidas anunciado pela direção está dividido em três eixos: redução de despesas, diversificação de receitas e recuperação da liquidez. Para reduzir custos, será lançado um novo PDV, embora ainda sem detalhes sobre número de adesões ou prazos. Em maio, o programa anterior registrou saída de 3,5 mil empregados.
Além disso, os Correios pretendem vender imóveis ociosos, renegociar contratos com fornecedores e buscar novas fontes de receita, incluindo o lançamento de novos produtos e um marketplace próprio até o fim de 2025. Segundo Rondon, essas medidas devem ter impacto mais estrutural que as anteriores.
“Não temos o impacto total que as medidas anteriores tiveram, mas elas foram emergenciais, não reestruturantes como agora”, afirmou.
Ainda em 2025, a empresa pretende captar R$ 3,8 bilhões junto ao Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), conhecido como banco do Brics, promover o compartilhamento de unidades operacionais e otimizar a malha logística, com revisão de contratos nas dez maiores superintendências estaduais.
Entre as ações de contenção anunciadas estão também a redução de 20% no orçamento da sede, a diminuição da jornada de trabalho para 6 horas diárias, a suspensão temporária das férias e a convocação de todos os empregados para o trabalho presencial a partir de 23 de junho de 2025. O objetivo é reduzir despesas e readequar a estrutura da empresa à nova realidade econômica.
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