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“No meu trabalho, tenho contato constante com pessoas em sofrimento, o que tem me afetado emocionalmente. Eu amo o que faço, mas sinto que preciso de orientações sobre como lidar melhor com esse impacto emocional. Já conversei com minha superiora sobre o assunto, mas ela me disse que isso é algo comum na nossa profissão. O que eu, como funcionária, devo entender ou praticar para me sentir mais equilibrada? E o que a minha superiora pode fazer para criar um ambiente mais saudável para mim e para os colegas que passam pela mesma situação?” Enfermeira, 28 anos
Trabalhar na área da saúde exige lidar, inevitavelmente, com dor, medo, perdas e angústias. Isso faz parte da rotina e ninguém passa ileso. Amar o que se faz não cria uma proteção emocional automática e, muitas vezes, torna o impacto ainda mais profundo. Por isso, quando esse peso começa a aparecer, ouvir que “isso é normal na profissão” pode até descrever a realidade, mas não resolve o problema nem cuida de quem está sentindo.
Para quem está na linha de frente, é importante reconhecer que empatia não significa absorver tudo. Criar pequenos rituais de transição entre o trabalho e a vida pessoal ajuda a reduzir esse acúmulo emocional. Um momento de pausa consciente, uma caminhada, um banho mais atento ou até escrever sobre o dia podem parecer gestos simples, mas fazem diferença quando se tornam consistentes.
Buscar apoio psicológico de forma preventiva também é uma forma de responsabilidade consigo mesma. Além disso, compartilhar experiências com colegas que vivem a mesma realidade diminui o isolamento e reforça que pedir ajuda não é exceção, é necessidade.
Do lado da liderança, normalizar o sofrimento como algo inerente à profissão não pode ser o ponto final da conversa. Liderar é reconhecer a realidade e, ao mesmo tempo, criar condições para transformá-la. Um ambiente mais saudável começa quando existem espaços estruturados de escuta, quando o cuidado com a saúde mental é incentivado de forma contínua e quando líderes são preparados para identificar sinais de esgotamento emocional nas equipes. Rever cargas de trabalho, escalas e expectativas também faz parte desse processo, porque cuidado sem condições adequadas deixa de ser vocação e passa a ser risco.
Na área da saúde, falar de bem-estar é estratégia, ética e segurança. No fim das contas, a lógica é simples: não existe cuidado com o outro sem cuidar de quem cuida. Reconhecer isso não enfraquece a profissão, apenas fortalece.
Thomas Nader é especialista em HRBP, cultura organizacional, inclusão de pessoas trans no mercado de trabalho, trabalho voluntário para comunidade LGBTQIA+ e processos seletivos inclusivos.
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Esta coluna se propõe a responder questões relativas à carreira e a situações vividas no mundo corporativo. Ela reflete a opinião dos consultores e não a do Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.
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