A podcaster cristã que reúne uma multidão de mulheres nos EUA

“Adoro o som dos bebês nesta sala”, disse Allie Beth Stuckey para a plateia de 6.700 mulheres cristãs que viajaram de diversas partes dos EUA (e de lugares distantes como a Austrália) para sua conferência “Share the Arrows” [Compartilhe as flechas, em tradução livre], realizada no Texas, no último dia 11 de outubro. Mãe de três filhos, a podcaster conservadora que reúne mais de 2 milhões de seguidores em suas redes sociais é vista por muitos deles como herdeira natural da missão de Charlie Kirk – de quem era amiga e conselheira – de propagar o cristianismo tradicional.

Após a morte do ativista conservador, inclusive, a conferência recebeu 2,5 mil novas inscrições, segundo ela, que integra a lista de palestrantes da turnê pelo campus “This Is the Turning Point”, ao lado de Erika Kirk (viúva de Charlie), do vice-presidente americano, JD Vance, e de Tucker Carlson.

“Esta é uma batalha espiritual que é travada em nossas casas e em nossos bairros, na escola, em seu trabalho. Cada passo que você dá, cada decisão que você toma e cada palavra que você diz é uma declaração de guerra contra o inimigo”, disse Stuckey na abertura da conferência, arrancando um “amém” da plateia.

Ao proferir suas palestras, diz ela em entrevista ao Wall Street Journal, sempre imagina uma mulher fictícia. “A mãe suburbana de três ou quatro filhos, de 35 ou 40 anos, que está ocupada tentando fazer o seu melhor para glorificar a Deus em sua própria vida, estudar mais a Bíblia e depois criar seus filhos de uma maneira piedosa e corajosa”, resume.

Seus conselhos que têm atraído as mulheres envolvem questões como o que uma família deve fazer diante da apreensão de ter mais filhos, sobretudo no atual cenário econômico: “Confie no Senhor, e Ele tornará o caminho suportável”, diz, evocando as Escrituras.

Criada em um subúrbio de Dallas, no Texas, Allie Stuckey frequentou uma escola cristã e a Igreja Batista Prestonwood, uma das maiores congregações dos Estados Unidos. Ela é filha de Ron Simmons, que foi da Câmara dos Representantes do Texas por três mandatos e atua como conselheiro sênior da Heritage Foundation, responsável pelo Projeto 2025, estratégia conservadora para desmantelar o “Deep State” dos EUA.

Há cerca de dez anos, Stuckey criou o blog “The Conservative Millennial” [O Millennial Conservador, em tradução livre], onde ganhou projeção compartilhando suas opiniões sobre temas como aborto e papéis tradicionais de gênero. Notada pela Fox News e pela Blaze Media (fundada pelo comentarista conservador Glenn Beck, e que hoje hospeda seu podcast), ela foi convidada para comentar sobre questões culturais e políticas. Em 2018, começou o podcast “Relatable” [Relacionável], com o intuito de debater cultura, notícias e política de uma perspectiva cristã, hoje com mais de mil episódios. Nesse período, casou-se com Timothy Stuckey, hoje seu gerente de negócios.

Entre as “coisas cristãs” que a podcaster diz que a Bíblia considera verdadeiras estão a existência de apenas dois gêneros, determinados na concepção, e o casamento entre homem e mulher. Segundo ela, o aborto é assassinato, e a fertilização in vitro e o controle hormonal de natalidade são erros, mesmo dentro do casamento. Ela também afirma que a empatia cristã precisa ter um limite, submetendo-se apenas ao que é biblicamente verdadeiro, e não se dobrando ao que querem os progressistas.

Stuckey ainda acredita que as famílias devem poder decidir o que é certo para elas quando o assunto é vacinas prejudiciais e produtos químicos, e despreza a chamada “idolatria da longevidade”, já que não viveremos para sempre aqui na terra. “Um dia, receberemos novos corpos e eles serão curados, e podemos ansiar por isso”, disse às mulheres em sua conferência.

Desde a morte de Kirk, Stuckey diz ter reforçado sua segurança em eventos como este, cujos ingressos variam de US$ 99 (R$ 530) a US$ 5.000 (quase R$ 27 mil) – sendo que os mais caros incluem refeições privativas com a palestrante. “Compartilhar as flechas significa que estamos olhando para a escuridão juntas”, diz, em referência ao nome da conferência, instando as mulheres a aplicar a mensagem de que “Jesus é Rei” em todas as áreas de suas vidas.