
O crime organizado está voltando os olhos para um dos países listados entre os mais seguros e prósperos da América do Sul: o Uruguai.
Nos últimos dois meses, dois episódios de ataques contra funcionários públicos foram registrados, gerando um alarme sobre o crescimento de violência no país. O primeiro incidente ocorreu com a invasão da casa da procuradora-geral, Mônica Ferrero, onde os criminosos deixaram uma granada e atiraram várias vezes contra a residência.
O outro caso envolveu um ataque à sede do Instituto Nacional de Reabilitação, responsável pela gestão das prisões no país, situação que foi interpretada como uma mensagem para sua diretora, Ana Juanche. O governo uruguaio rapidamente encontrou relação dos episódios com o crime organizado, que está ganhando terreno no território.
Uma gangue chamada Manos começou a ter suas atividades investigadas no ano passado, na fronteira com o Brasil. A organização criminosa é uma das mais poderosas do Rio Grande do Sul, segundo o Insight Crime, que acompanha a movimentação do crime organizado na América Latina. As autoridades uruguaias afirmam que o grupo está se expandindo através da fronteira para controlar o tráfico local de drogas no norte do Uruguai.
O ministro do Interior, Carlos Negro, explicou no início do mês que a criminalidade no país se tornou “mais violenta, mais complexa e mais conectada” com o passar dos anos.
Falando a legisladores, Negro destacou que os dados oficiais mostram um aumento de homicídios, extorsões, crimes cibernéticos, crimes associados ao narcotráfico, bem como a incipiente invasão de gangues em alguns territórios.
Essas organizações criminosas têm se adaptado aos diferentes planos de segurança no Uruguai. Elas se formam a partir de clãs familiares ou gangues locais, podendo se expandir para além das fronteiras com o sustento de economias ilícitas globais.
O ministro uruguaio chegou a compará-las a um vírus devido à facilidade de mutação e adaptação. “As organizações criminosas se fragmentam, se fundem, migram, diversificam suas operações ou mudam de estrutura de acordo com as pressões do mercado, disputas territoriais entre si ou intervenções estatais. Essas transformações se refletem claramente nas tendências observadas nas últimas duas décadas”, disse Negro, que chegou a citar o exemplo do Primeiro Comando Capital (PCC), que chegou ao Peru, Equador, Venezuela e Chile.
Por décadas, o Uruguai se manteve numa lista privilegiada de países da região com os menores índices de violência. Contudo, nos últimos anos os governos testemunharam o aumento da atividade criminosa como nunca vista.
Os homicídios cresceram desde 2018 e toneladas de cocaína passaram pelo país discretamente, sendo detectadas pelas autoridades apenas quando chegava na Europa.
De acordo com o Insight Crime, as prisões do Uruguai estão superlotadas e o crime organizado explorou esse problema de segurança pública para recrutar e expandir seus negócios para o país.
Dados do governo apontam que o número de pessoas presas no Uruguai aumentou significativamente nos últimos 15 anos, passando de 8.324 em 2009 para 15.767 em 2024. Até o ano passado, o sistema penitenciário estava com 121% de sua capacidade, tornando a taxa de encarceramento do Uruguai a décima maior do mundo.
A organização investigativa aponta que provavelmente líderes de grupos envolvidos com o tráfico de drogas usaram as prisões do país para construir suas redes criminosas internacionais.
O país assumiu um papel cada vez mais importante no comércio internacional de cocaína. A capital e principal porto do Uruguai, Montevidéu, tornou-se uma importante ponte para o transporte de cocaína com destino à Europa e à África.
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