
O vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões, foi anunciado como novo integrante do PSD durante evento de filiação, na última segunda-feira (27), em Belo Horizonte, o que aponta para um reposicionamento das forças políticas no estado. A filiação de Simões, que deixou o Novo em meio aos preparativos para as eleições em 2026, indica a formação de uma frente ampla de partidos de centro-direita em torno do nome do vice-governador, que ainda é desconhecido por uma parcela expressiva dos eleitores mineiros.
Simões tem o respaldo do governador Romeu Zema (Novo-MG), que participou do evento de filiação junto com o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. A articulação política aproxima a sigla da direita e isola os aliados de Lula que poderiam concorrer ao governo mineiro pelo PSD: o senador Rodrigo Pacheco e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Do outro lado, a esquerda mineira também mexeu no tabuleiro eleitoral para o próximo ano em um movimento que enfraquece a possibilidade de uma candidatura do PT ao cargo máximo do Executivo estadual. O ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil se filiou ao PDT como pré-candidato ao governo depois de uma curta temporada no Republicanos.
No partido de centro-direita, Kalil apoiou o ex-candidato a prefeito Mauro Tramonte na capital mineira, em 2024, após romper com a gestão belo-horizontina do PSD. Ex-presidente do Atlético Mineiro, Kalil é um antigo aliado de Lula e apoiou o então candidato petista na disputa presidencial em 2022, quando deixou a prefeitura de Belo Horizonte para concorrer ao governo contra a reeleição de Zema.
Nas pesquisas eleitorais, Kalil aparece como principal pré-candidato da esquerda, polarizando a disputa com o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos). Segundo o levantamento do instituto Paraná Pesquisas, divulgado no dia 8 de outubro, o aliado de Jair Bolsonaro (PL) lidera a pesquisa estimulada com 40,6% dos votos, seguido por Kalil com 13,5%.
O pré-candidato do PDT aparece tecnicamente empatado com Pacheco (13%) e a petista Marília do Campos (10,6%). O vice-governador Simões tem 5,9% da preferência do eleitorado mineiro.
- Metodologia da pesquisa citada: 1.505 entrevistados pelo Paraná Pesquisas em 68 municípios de Minas Gerais entre os dias 1 e 5 de outubro de 2025. Nível de confiança: 95%. Margem de erro: 2,6 pontos percentuais.
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Desgaste de Cleitinho poder aproximar PL e PSD nas eleições em Minas
Apesar da liderança atual nas pesquisas de intenção de voto e alinhamento com as pautas da direita conservadora, o senador Cleitinho entrou em rota de colisão com a família Bolsonaro após declarar que teria “pago a dívida” com o ex-presidente da República pelo apoio que recebeu nas eleições em 2022, quando venceu a disputa por uma cadeira no Congresso.
O apoio do PL é considerado fundamental para alavancar a candidatura de Cleitinho, que já declarou que não deve concorrer ao cargo caso o deputado federal Nikolas Ferreira (PL) seja lançado como candidato ao governo. A tendência é que Ferreira dispute a reeleição na Câmara dos Deputados e esteja ao lado de Cleitinho na campanha ao governo mineiro.
Após a repercussão negativa, o senador pediu desculpas a Bolsonaro e afirmou que foi mal interpretado ao dizer que “paga pela gratidão” ao ex-presidente da República. Cleitinho divulgou uma nota nas redes sociais, pediu para o eleitorado colocar o seu mandato na “balança” e disse que assinou os pedidos de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Falhei nessa resposta, porque você não paga gratidão — gratidão é para a vida toda. Mas quem viu a outra parte da entrevista sabe que deixo bem claro que minha gratidão é por toda a vida. Mesmo assim, falhei e peço perdão a quem não gostou da minha resposta”, declarou o senador.
Ele se envolveu em uma polêmica ao chamar de “imprudente” uma eventual candidatura presidencial de Eduardo Bolsonaro (PL-SP). “Imprudente foi darmos a vaga do Senado para você. Mas muitos dos nossos erros iremos corrigir”, rebateu o filho 03 do ex-presidente.
Para o cientista político e professor do Ibmec em Belo Horizonte Adriano Cerqueira, o desgaste da relação entre o senador do Republicanos e a família Bolsonaro pode abrir caminho para que a candidatura do vice-governador mineiro receba o apoio do PL. Na avaliação do professor, a aproximação entre Zema e Kassab também aponta para a pavimentação de acordos regionais que colocam o PSD na corrida presidencial.
“O fato do PSD ter fechado esse entendimento com o Zema pode ser o indicativo de um esforço de costurar uma candidatura nacional de oposição com a participação da sigla, além de um avanço do apoio do PL à candidatura de Mateus Simões”, comentou.
Nos bastidores, Gilberto Kassab – que ocupa o cargo de secretário de Governo na gestão paulista – tem trabalhado na articulação política pela candidatura presidencial de Tarcísio de Freitas (Republicanos) em uma frente ampla de centro-direita com adesão de outros caciques, entre eles o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto. Paralelamente, Kassab não abre mão da possibilidade de lançar uma candidatura própria do PSD. Nesse caso, o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), seria o mais cotado e contaria com o apoio de Romeu Zema.
Durante o ato de filiação, Simões chamou Kassab de “maestro da política nacional” e defendeu a continuidade da gestão mineira, por meio de uma aliança partidária em 2026. “Nós estamos falando de uma união de partidos. PSD, Novo, PP, União, Podemos, Solidariedade, Mobiliza, PRD e DC, juntos em um projeto para continuar e aprofundar o que o governador Romeu Zema tem feito”, afirmou.

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Kalil rejeita ser chamado de “pré-candidato da esquerda”
O ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil afirmou à imprensa, logo após o ato de filiação ao PDT, que deve disputar as eleições ao governo de Minas Gerais, mas se esquivou do título de “pré-candidato de esquerda”, apesar do histórico da sigla brizolista. “Não sou um candidato de esquerda porque o PDT é de centro-esquerda”, respondeu.
“Eu não aceito que a esquerda tome a educação e a fome para ela ou que a direita tome a pauta da modernidade. Podemos ser um partido que tradicionalmente cuida do povo, como eu fiz na minha administração. […] Nem por isso eu sou de esquerda. Eu apoio PPPs [Parcerias Público-Privadas], a modernização e as estradas pedagiadas e nem por isso sou de direita”, completou Kalil.
Apesar disso, o ex-prefeito da capital é considerado o principal opositor de esquerda à continuidade da gestão Zema e pode receber o apoio do PT. O principal nome petista para as eleições no estado é o da prefeita de Contagem, Marília Campos. Nos bastidores, a indicação dela como vice na chapa com Kalil é vista como uma possibilidade para formação de uma coligação de esquerda.
Na avaliação do cientista político Adriano Cerqueira, o ex-prefeito de Belo Horizonte terá um desafio muito maior na eleição ao governo do estado do que tentar fugir do status de “candidato de esquerda”. Cerqueira lembra que Kalil deixou a vida pública há quase quatros anos, quando abriu mão do mandato na capital mineira para ser derrotado no primeiro turno das eleições de 2022.
“Em quase todos os estados do Brasil, o prefeito da capital tem uma boa projeção regional para ser um forte candidato à sucessão estadual. Em Minas, isso não acontece. O eleitorado da região metropolitana de Belo Horizonte não chega a um terço de todo o estado”, apontou.
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