
Com cerca de 5,1 milhões de pessoas, José é o nome masculino mais popular do Brasil, correspondendo a 2,54% da população brasileira. Além do recorte por gênero, José é o segundo nome mais popular do Brasil, conforme aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De origem hebraica, a palavra Yosef deu origem ao nome José, que significa “aquele que acrescenta” ou “Deus multiplica”. Assim como outros nomes religiosos, sua popularidade se estende para diferentes idiomas. O nome é conhecido como Joseph em inglês e Giuseppe em italiano, por exemplo.
Assim como aconteceu com o nome Maria, José é extremamente popular no Brasil devido à devoção católica relacionado à influência portuguesa, visto que o Brasil foi colônia de Portugal durante séculos, explica a especialista em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ana Paula Mendes.
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De acordo com a especialista, a devoção pelo santo católico “São José”, em específico, teve influência ainda maior no Brasil por conta do Rei Dom José I de Portugal, que reinou no século XVIII (1750 a 1777), época em que o Brasil ainda era colônia de Portugal e José era o principal santo de devoção por conta do monarca.
Segundo Ana, autora do livro “Minas de todos os santos: dicionário de topônimos”, a popularidade do nome José é possível de ser visualizada inclusive nos municípios brasileiros. Cidades que incluem o nome “São José” no Brasil chegam ao total de 136, o segundo maior número do país, atrás apenas de Santo Antônio, com 156 municípios.
Essa popularidade se refletiu nos registros do nome José no Brasil. De acordo com o censo do IBGE, até 1940, houve 132.990 registros do nome no país. Esse número aumentou exponencialmente na década seguinte, com 424.675 Josés registrados entre 1940 e 1949.
O salto foi ainda maior na década de 1950, quando ocorreram 903.991 registros do nome, chegando ao pico na década de 1960, com 1.130.069 Josés registrados em dez anos.
Eduardo Amaral, professor titular e coordenador do Observatório Onomástico (que estuda nomes próprios) da UFMG, explica que o principal fator de crescimento do nome José no Brasil durante essas décadas está atrelado à questão religiosa.
O docente explica que, como José é uma figura bíblica fundamental, sendo o pai de Jesus Cristo e também representado por José do Egito, filho de Jacó, houve uma forte influência da tradição cristã e católica na popularidade do nome no Brasil.
Ana acrescenta que o nome José se popularizou na cultura brasileira durante essas décadas. Uma prova disso é que o apelido “Zé” tornou-se muito comum no país com a ascensão do nome, como o personagem “Zé Carioca”, desenvolvido pela Disney na década de 1940 para representar o Brasil, e “Zé Gotinha”, personagem do Sistema Único de Saúde (SUS) que simboliza a vacinação no país.
Essa popularidade do nome fez com que José fosse o segundo nome com mais registros no Brasil até a década de 1980, sendo superado apenas pelo nome Maria.
A década de 1970, porém, começou a registrar um declínio na quantidade de registros do nome no Brasil. Entre 1970 e 1979, houve 886.221 registros do nome, uma diminuição de 243.848 registros em comparação à década anterior.
Essa queda foi apenas o início. Entre 1980 e 1989, foram registrados 629.200 nomes José. Na década de 1990, a quantidade caiu para 401.022, permanecendo em declínio na década seguinte (entre 2000 e 2009), com 306.003 registros, e finalizando a queda entre 2010 e 2019, com 234.198 registros.
Amaral explica que a queda do nome pode ser explicada por três motivos principais. O primeiro é que, ao longo do século XX, a sociedade brasileira se desligou aos poucos do modelo de nomeação vinculado exclusivamente à Igreja. Ou seja, apesar da tradição cristã ainda presente, houve uma busca maior por nomes que não se vinculassem exclusivamente a questões religiosas, ampliando a diversidade na escolha de nomes.
Outro motivo, segundo Amaral, é o fator cíclico dos nomes, que não se limita apenas a José, mas também ocorreu em outros nomes tradicionais brasileiros, como Maria e Antônio. O professor explica que as gerações mais novas tendem a ver nomes de avôs e bisavôs, onde há predominância do José, como antigos e eventualmente ultrapassados, e tendem a escolher novos nomes para as gerações mais recentes.
Amaral também destaca que, principalmente entre o final do século XX e o início do século XXI, houve uma tendência de crescimento dos nomes compostos no Brasil, e nisso José possui uma particularidade própria que pode explicar sua queda.
“Diferentemente de Maria, por exemplo, que possui dezenas de nomes compostos muito populares, José não atinge essa popularidade com nomes compostos no Brasil, o que é um fator importante na queda do nome”, explica Eduardo Amaral.
O professor exemplifica que o nome masculino João, que apresentou alta expressiva nos registros nesse século, possui muitos nomes compostos populares, como João Vitor, João Gabriel e João Guilherme. Por outro lado, apesar de José apresentar opções de nomes compostos como José Miguel ou José Augusto, a tendência com José não se difundiu com tanta intensidade no Brasil.
Amaral ainda destaca que José pode voltar a crescer em registros no país devido aos ciclos que alguns nomes apresentam. No entanto, a valorização da diversidade na escolha de nomes, a redução da influência religiosa e a fácil recepção de nomes estrangeiros podem barrar esse processo nos próximos anos.
*Estagiário sob supervisão de Diogo Max
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