
Na noite desta quarta-feira (8), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez o anúncio de que foi fechado um acordo para implementar a primeira fase do seu plano de paz para dar fim à guerra na Faixa de Gaza, que prevê a libertação de todos os reféns que seguem no enclave palestino e a retirada parcial das tropas israelenses.
Desde a campanha presidencial de 2024, Trump disse que pretendia intermediar o fim do conflito e alegou que este não teria começado se ele fosse o presidente americano em outubro de 2023, quando o grupo terrorista Hamas realizou os atentados em Israel que desencadearam a guerra.
Porém, Trump teve uma atuação claudicante no início do seu segundo mandato ao buscar essa meta de paz. Ele anunciou uma proposta para que os palestinos fossem removidos da Faixa de Gaza e um grande plano imobiliário para o enclave, o que gerou críticas de aliados dos Estados Unidos no mundo árabe e no Ocidente. Diante da reação negativa, abandonou a proposta.
Depois, no final de julho, o enviado especial dos Estados Unidos para o Oriente Médio, Steve Witkoff, ordenou a retirada da sua equipe de negociação de Doha, no Catar, devido à “falta de vontade” do Hamas em alcançar uma trégua na Faixa de Gaza, depois que Israel havia anunciado o mesmo horas antes.
No dia seguinte, Trump disse para os israelenses “terminarem o trabalho” em Gaza, sugerindo que havia desistido totalmente de um cessar-fogo.
O fato que fez o presidente americano mudar de postura e ter uma posição mais ativa para intermediar a paz em Gaza ocorreu em 9 de setembro.
Nesse dia, as Forças de Defesa de Israel (FDI) realizaram um ataque aéreo contra o QG político do Hamas, localizado em Doha. O grupo terrorista alegou que cinco dos seus membros foram mortos, mas não faziam parte da liderança.
No mesmo dia, Trump criticou o ataque de Israel no Catar, um aliado de Washington que vinha mediando as negociações entre israelenses e o Hamas, ao afirmar que o bombardeio “não promove os objetivos de Israel ou dos Estados Unidos”.
Pressionado pelo Catar e outros aliados árabes, Trump pôs mãos à obra. Em 23 de setembro, durante a Assembleia Geral da ONU, Trump e Witkoff realizaram uma reunião com altos funcionários de países árabes e de maioria muçulmana e apresentaram em linhas gerais um plano de paz para Gaza.
Os representantes de nações islâmicas gostaram da proposta, mas, segundo reportagem do The New York Times, perguntaram a Trump se ele poderia garantir que o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, concordaria com o plano e realmente o implementaria. O presidente americano respondeu prontamente que “lidaria” com Netanyahu nas duas questões.
De fato, seis dias depois, Trump apresentou na Casa Branca seu plano de paz de 20 pontos e Netanyahu, que estava ao seu lado, disse que a proposta contemplava “todos os objetivos de guerra de Israel”.
Antes disso, Trump fez o premiê israelense ligar da sede da presidência americana para o primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman bin Jassim Al-Thani, para pedir desculpas pelo ataque do dia 9.
Deixando claro quem estava no comando, a Casa Branca divulgou uma foto de Trump segurando o telefone no Salão Oval, enquanto Netanyahu fazia o telefonema.
Na sexta-feira (3), outro triunfo diplomático para o presidente americano: o Hamas disse numa resposta inicial ao plano de paz que aceitava a troca de todos os reféns por prisioneiros palestinos e ceder a gestão de Gaza para uma administração palestina de “tecnocratas”, desde que haja “consenso nacional palestino e apoio árabe e islâmico”.
Após três dias de negociações no Egito entre representantes de Israel, dos EUA e do Hamas, o anúncio de um acordo para a implementação da primeira fase do plano foi feito por Trump nesta quarta-feira.
“Independentemente de o acordo de paz se mostrar eficaz ou não, o ato de unificar nações árabes e muçulmanas em torno de um plano também apoiado por Israel foi talvez o ato diplomático mais bem-sucedido do governo Trump”, disse Ned Lazarus, professor da Escola Elliott de Relações Internacionais da Universidade George Washington, ao New York Times.
Resta saber se a “virada” de Trump após o ataque de Israel ao Catar será realmente completada com paz em Gaza – mas, por ora, o republicano pode comemorar as quatro semanas de política externa mais bem-sucedidas do seu segundo mandato.
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