
Corretores imobiliários da Arábia Saudita estarão de olho em asiáticos ricos, tendo em vista a implementação de uma nova lei que permite a propriedade de imóveis por estrangeiros não muçulmanos a partir de janeiro.
A abertura do mercado imobiliário faz parte da estratégia Visão 2030 da Arábia Saudita, que visa a diversificação da economia, reduzindo a dependência do petróleo, e a liberalização de suas normas sociais.
Um de seus principais empreendimentos sob a nova regra imobiliária – aprovada no verão – é a construção do luxuoso projeto da Ilha Laheq, no Mar Vermelho, que oferecerá 740 residências, dois hotéis, espaços comerciais e uma marina.
Se a experiência de seu vizinho Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, servir de parâmetro, a Arábia Saudita poderá vivenciar um boom imobiliário impulsionado por investimentos estrangeiros.
Dubai não divulga dados sobre propriedade de imóveis por nacionalidade, mas corretores imobiliários apontam indianos, paquistaneses e chineses como os maiores compradores asiáticos, juntamente com britânicos e russos.
Os preços dos imóveis em Dubai dispararam para cerca de US$ 5 mil por metro quadrado, em comparação com apenas US$ 1 mil a US$ 2 mil em Riad, na Arábia Saudita, disseram corretores.
“Investidores asiáticos, particularmente de Hong Kong, China continental e Cingapura, são atraídos por Dubai devido à sua combinação de custo-benefício, estilo de vida e qualidade de vida, mas eu diria a eles que a Arábia Saudita é um dos novos mercados mais promissores da região”, disse Faisal Durrani, chefe de pesquisa para o Oriente Médio e Norte da África da agência imobiliária global Knight Frank. “Ainda é bastante acessível em comparação com outros mercados do Golfo.”
De acordo com as novas regras, expatriados e não residentes poderão possuir imóveis integralmente ou deter outros direitos transferíveis sobre imóveis em diferentes tipos de propriedades dentro de zonas designadas. Espera-se que essas zonas sejam anunciadas no início de 2026, mas as cidades sagradas de Meca e Medina estarão abertas apenas para expatriados muçulmanos.
“Residentes não sauditas poderão possuir imóveis nas zonas designadas e uma propriedade residencial fora delas. As regulamentações atuais permitem que expatriados comprem uma residência principal, mas não a aluguem. Corretores imobiliários destacaram as oportunidades que o mercado emergente oferece.
“Ainda estamos no início da história do mercado imobiliário saudita. Os principais fatores estruturais começaram a se traduzir em oferta e demanda, e investir hoje na Arábia Saudita está longe de ser um negócio em estágio avançado”, disse Erick Knaider, sócio-gerente da Saudi Arabia Sotheby’s International Realty.
Projetada pelo escritório de arquitetura Fosters + Partners — fundado pelo arquiteto britânico Norman Foster — a Ilha Laheq está sendo desenvolvida pela Red Sea Global (RSG), uma unidade do fundo soberano da Arábia Saudita. Com inauguração prevista para 2028, os preços dos apartamentos em desenvolvimento começam em 5,5 milhões de riais (US$ 1,47 milhão).
Além da Ilha de Laheq, The Line at Neom é outro projeto de megacidade de grande destaque que a Arábia Saudita vem construindo como parte da Visão 2030. O ambicioso projeto, não muito longe de Sharm el-Sheikh, no Egito, inicialmente visava construir uma cidade murada que se estenderia por 170 quilômetros através de um deserto, oferecendo moradia, transporte e infraestrutura para seus moradores até 2045. Mas há relatos de que o projeto foi drasticamente reduzido devido à complexidade da construção e à falta de investimentos.
“Projetos como Neom e empreendimentos imobiliários no Mar Vermelho só prosperarão se forem genuinamente habitados e ativos, e não apenas construídos”, disse Yasser Elsheshtawy, pesquisador não residente do Instituto dos Estados Árabes do Golfo e professor adjunto da Escola de Arquitetura, Planejamento e Preservação da Universidade de Columbia. “Dada a sua localização remota, poucos sauditas provavelmente viverão lá permanentemente, tornando os investidores e visitantes estrangeiros essenciais.”
Ele acrescentou que os investidores asiáticos são especialmente importantes para a região, com aqueles do Japão, China, Índia e Sudeste Asiático investindo em todo o Golfo, buscando “mercados estáveis e de alto rendimento e acesso a longo prazo”.
Para alguns investidores, no entanto, o fato de a Arábia Saudita ser muito mais restritiva culturalmente do que Dubai pode ser um obstáculo. Desde 2016, o governo saudita tem trabalhado para mudar essa percepção, abrindo cinemas, flexibilizando regulamentações, introduzindo vistos de turista e concorrendo para sediar grandes eventos globais, como a Copa do Mundo de 2034 e a Expo Mundial de 2030, mesmo mantendo a proibição do álcool.
Outra questão para alguns investidores é o impacto ambiental e local de tais projetos. Embora o governo anuncie o projeto Neom como carbono zero, críticos apontam para as emissões da construção, o deslocamento de comunidades locais e a degradação do meio ambiente.
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