Facções e milicianos impõem monopólio de serviços como internet, água e transporte em bairros da capital e da Baixada, afetando até delegacias e grandes operadoras.
O domínio territorial das facções criminosas e milicianos no Rio de Janeiro não se limita mais às comunidades. A atuação desses grupos avançou para bairros urbanos e até áreas comerciais da capital e da Baixada Fluminense. O novo alvo é o controle de serviços essenciais como internet, transporte por aplicativo, abastecimento de água e até fornecimento de energia. A prática inclui ameaças, sabotagens e a imposição de provedores clandestinos autorizados pelo crime.
Na última semana, a Polícia Militar apreendeu em Brás de Pina, Zona Norte do Rio, um carro e equipamentos de uma empresa de internet supostamente autorizada a operar pelo traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, o “Peixão”, do Terceiro Comando Puro (TCP). A ação ocorreu dias após a prisão de um representante de outra empresa da região, ligada a um CNPJ fraudulento.
Segundo a Polícia Civil, as facções utilizam empresas fantasmas, como a RDO e a Octa Telecom, para gerar lucros milionários. Os criminosos sabotam cabos de grandes operadoras, agridem técnicos e ameaçam funcionários para forçar os moradores a contratar os serviços clandestinos.
“Esses grupos estabelecem monopólios ilegais, obrigando moradores a contratar provedores específicos, limitando a liberdade de escolha e aumentando o poder financeiro e bélico das facções”, explicou o delegado Pedro Bittencourt, titular da DDSD.
Em diversos bairros, a Claro e outras operadoras abandonaram o atendimento. A sabotagem não poupa nem as instituições públicas: a 22ª DP (Penha) sofre com quedas constantes de sinal por conta de sabotagens e domínio da infraestrutura por grupos armados.
Em depoimentos à polícia, moradores e funcionários relatam agressões, carros apreendidos, equipamentos roubados e ameaças constantes. Em Senador Camará, na Zona Oeste, uma central de distribuição foi destruída. A empresa não retornou por medo, e os moradores foram obrigados a aderir à chamada “gatonet do crime”.
“A gente está à mercê disso aí”, desabafa um morador, que pediu anonimato.
Outros bairros como Inhaúma e Vilar dos Teles também sofrem com a imposição de serviços clandestinos. Os boletos chegam sem identificação, e as empresas não têm sede física nem canais de atendimento claros.
A Secretaria de Segurança do Estado anunciou que está fazendo um levantamento das empresas afetadas e planeja uma reunião com a Anatel ainda este mês. A agência, por sua vez, afirma manter diálogo com operadoras e autoridades para enfrentar o problema. No setor de mobilidade, a Uber e a 99 já reconhecem o risco e implementaram bloqueios automáticos em áreas perigosas.
Análise estratégica: o poder pelo controle dos serviços
O crime organizado utiliza o gatilho do medo, a estratégia da escassez e práticas que se alinham a diversas leis do poder para dominar regiões inteiras. Ao eliminar concorrência, impor regras e lucrar com serviços essenciais, as facções transformam bairros inteiros em verdadeiras zonas de poder privado.
Esse cenário deixa claro que o combate ao crime precisa ir além das ações pontuais. É necessário um plano integrado entre Executivo, Judiciário, Legislativo e sociedade civil para enfrentar o poder paralelo que domina o cotidiano de milhões.
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