
É possível garantir a utilização da inteligência artificial (IA) nas empresas de uma forma empática, que não intimide as equipes. Segundo especialistas ouvidos pelo Valor, a estratégia de adoção precisa combinar fatores como ações de capacitação, transparência sobre os impactos dos sistemas nas rotinas de trabalho e a participação das chefias no compartilhamento de boas práticas.
A preocupação com os planos das corporações de aderir à IA não é à toa. De acordo com uma pesquisa da consultoria EDC Group com 549 profissionais no Brasil, 43% dos respondentes que ocupam funções de auxiliares e assistentes temem perder o emprego com a chegada da IA generativa, seguidos pelos analistas, com 39,6%.
“A IA chegou para ficar, mas o sucesso da sua adoção depende menos da tecnologia e mais de como ela será apresentada às equipes”, afirma David Braga, CEO da Prime Talent Executive Search, de seleção de executivos, e presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos de Minas Gerais (ABRH-MG). “Em um contexto em que muitos ainda veem a IA como uma ameaça aos empregos, cabe à área de RH e lideranças das companhias a condução desse processo com empatia, clareza e diálogo, explicando os ‘porquês’ da mudança.”
Braga acredita que quando as equipes são envolvidas desde o início da implantação dos sistemas, com iniciativas de escuta ativa e transparência sobre impactos da tecnologia na produção, a IA deixa de ser uma “vilã” no ambiente de trabalho e passa a ser percebida como uma aliada da inovação e do crescimento dos negócios.
“Essa ‘virada’ pode ser consolidada com mais capacitação sobre o assunto e uma cultura organizacional que valoriza o aprendizado contínuo”, explica. “Programas de ‘upskilling’ [para aprimorar habilidades] e de ‘reskilling’ [de requalificação para uma nova função] mostram que a IA não substitui pessoas, mas as potencializa, ao automatizar tarefas repetitivas, liberando tempo para o pensamento crítico e a criatividade.”
Daniel Spinelli Blum, especialista em liderança e autor do livro “A Potência da Liderança Consciente” (ed. Gente Autoridade, 192 págs.), chama a atenção para o protagonismo das chefias na aterrissagem da IA. “Os líderes de RH têm um papel de ‘tradutores culturais’ entre a tecnologia e o humano”, ensina. “O primeiro passo é reposicionar a narrativa sobre o tema. A IA não é uma ferramenta de substituição [de pessoas], mas de ampliação das capacidades da força de trabalho.”
Para Blum, as empresas podem disseminar a IA nas baias com uma perspectiva de produtividade efetiva. “Ela só vai gerar resultados quando ‘entrar’ não só na rotina da companhia, mas na cultura organizacional”, garante. Para isso, diz ele, os gestores podem usar dois indicadores que ajudam a medir a adesão à novidade: o número de colaboradores que utiliza a IA diariamente em processos-chave e a quantidade de tempo direcionado para tarefas criativas ou de decisão.
“Também é importante promover “rituais” de compartilhamento de boas práticas”, orienta. “A adoção se consolida quando mais gente vê os ganhos obtidos pelos colegas com a IA.”
Na visão da psicóloga Marcella Moura, sócia da Acerta, consultoria especializada em gestão de pessoas, uma das abordagens mais eficientes para levar a IA aos times soma aprendizado e diálogo. “É preciso comunicar que a novidade tem o propósito de otimizar o trabalho”, recomenda. O melhor caminho para a implementação de práticas inéditas na produção é sempre lidar com a transparência, afirma. “Para que possam aderir ao novo, todos os funcionários precisam entender as melhorias que a IA pode trazer.”
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