
Os aportes de países europeus e da Indonésia ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), anunciados no primeiro dia da Cúpula do Clima, em Belém, somaram um volume satisfatório diante da complexidade do mecanismo, o que envolve esforços de esclarecimentos e conscientização perante investidores públicos e privados, segundo o economista e consultor ligado a questões de financiamento climático Winston Fritsch.
“Explicar essa coisa toda não é fácil. Envolve criar toda uma percepção política, o que é um negócio sutil”, afirma Fritsch, que foi secretário de política econômica do Ministério da Fazenda durante o Plano Real. Ele destaca que a Alemanha deve anunciar o seu aporte nesta sexta-feira mas acredita que o valor individualmente tampouco vai impressionar à primeira vista. “Dá para notar que tem vários países que estão apoiando o TFFF e ainda não querem falar muito, mas o apoio está sendo bem constituído. É uma coisa que realmente leva tempo, precisa ser bem explicada”.
Fritsch cita o exemplo do Reino Unido. Apesar dos elogios do príncipe William e do primeiro-ministro Keir Starmer ao fundo em seus discursos na cúpula, o país não anunciou nenhum aporte. “Como o governo enfrenta problemas com popularidade, não é fácil explicar para os eleitores que vai investir dinheiro em um mecanismo de florestas que as pessoas ainda não entendem como funciona. O TFFF vai passar por uma construção de entendimento e é um processo normal que precisa acontecer mesmo”.
Além do Brasil, que é o criador da ideia do TFFF e havia anunciado aporte de US$ 1 bilhão durante a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em setembro, agora o mecanismo de preservação de florestas soma a quantia de US$ 5,57 bilhões depois que a Noruega assumiu o compromisso de investir US$ 3 bilhões no período de dez anos, a Indonésia anunciou US$ 1 bilhão e a França, 500 milhões de euros.
O primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, também anunciou aporte inicial de apenas 1 milhão de euros para o TFFF. “Piada, né?” criticou Fritsch. “Mas é importante ver que as adesões estão sendo construídas. O natural é que com o tempo esses investimentos aumentem, porque quem aportar vai ter retornos financeiros. Não estamos falando de doações”, adicionou.
Fritsch, que tem prestado assessoria a investidores privados em relação a oportunidades de financiamento climático, acredita que o único erro foi terem criado a percepção de que a COP30 é o momento de captar grandes volumes de recursos para o TFFF. “Na verdade, a COP30 é a oportunidade para atrair a atenção, mostrar e explicar o que é. A captação maior virá depois da conferência”, diz.
As informações que circulavam era de que o Brasil tinha a meta de captar US$ 25 bilhões para o TFFF com os governos de outros países até o fim da COP30, mas o ministro Fernando Haddad negou que isso fosse um objetivo estipulado pelo Ministério da Fazenda. Ele defendeu que o fundo está sendo gradualmente desenvolvido há dois anos, desde a COP28, e que o conhecimento sobre o mecanismo será necessário para atrair o montante desejado para financiar a preservação de florestas em todo o mundo – o total desejado se aproxima de US$ 125 bilhões.
Frisch aponta que, entre grandes investidores privados como fundos de pensão e seguradoras – que no modelo desenhado representarão cerca de 80% dos recursos quando o mecanismo estiver maduro – o mais provável é que aportes no TFFF ganhem mais adeptos a partir do Fórum Econômico Mundial em Davos, no início do ano que vem. “Talvez nem mesmo lá irão assinar os cheques ainda, mas é onde vão dar os seus ‘feedbacks’ entre si. Creio que lá haverá uma tomada de impulso entre investidores privados”.
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