Luis Stuhlberger, principal executivo e de investimentos (CEO e CIO) da Verde Asset Management, vê a possibilidade de um rali de ativos pré-eleição presidencial de 2026. Em evento no J.Safra nesta quarta-feira, Stuhlberger afirmou que, se um candidato de viés de direita vencer, não deve ser com grande margem em relação a Lula, “não vai ser mais do que 53% a 47%, então vai ter emoção o tempo todo.”
“Eu tenho muito respeito pelas pessoas que falam que vão se posicionar para o rali da eleição, porque digamos que saia o nome do Tarcísio (de Freitas, governador de São Paulo, do Partido Republicanos); em algum momento o mercado vai fazer o rali antes, simplesmente pelo anúncio”, disse. “Eu não compro o que vai ser constante por um ano e pouco”, acrescentou.
Questionado sobre o quanto o fator eleição já está nos preços dos ativos, Stuhlberger citou que o “earnings yield” (EY), usado principalmente para ações para medir quanto um investimento pode trazer de retorno, da bolsa brasileira hoje está em 9,8%, excluindo-se empresas de commodities como Vale e Petrobras.
Em períodos anteriores de estresse, como a recessão do governo da ex-presidente Dilma Roulsseff, em 2015 tal métrica foi a 12%, 12,5%. Durante a pandemia estava em 12,3%.
Numa eventual piora decorrente da continuidade da esquerda no poder, com a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o gestor calcula que iria para a casa dos 13% ou 14% porque nesta conta entraria o fato de os títulos do Tesouro americano não rodarem mais perto de zero como em 2020.
Já numa eventual vitória da direita, com Tarcísio aparecendo como uma das preferências dos participantes do mercado financeiro pela defesa de um fiscal mais responsável, Stuhlberger considera que os investidores se animariam com esse quadro e revisariam os lucros das companhias para cima.
Com isso, o EY, que é a conta do “equity risk premium” (prêmio de risco de ações) somado ao juro real, que pelo modelo seria de 7,2%, teria um adicional do aumento das projeções dos resultados das empresas listadas na bolsa. “Se modelar esses 12,3% [de EY num dos momentos de estresse] com 7,2% em cima dos 9,8% atuais, você chega a 50-50 que está neste preço”, afirmou o gestor. “Isso aqui é uma ciência razoável, mas lembrando que ela sempre erra muito, mas é uma análise daquilo que é possível fazer.”
Durante o evento do J.Safra, Stuhlberger também afirmou que, em três e cinco anos, nenhuma classe de ativos tradicional superou o CDI, o juro das trocas entre instituições financeiras e que anda colado na taxa básica da economia, a Selic. Em dez anos, a foto fica um pouco melhor, mas os resultados convergem para o nível de 10%.
O gestor aproveitou para fazer uma “propagandazinha” do multimercado que lidera, com ganhos acima do referencial nas três janelas temporais que radiografou.
Em uma década, os melhores resultados são o Ibovespa, com valorização de 11,5%, do IMA-B 5+, índice da Anbima que representa uma cesta de títulos do Tesouro atrelados à inflação com prazo acima de cinco anos, com ganhos de 10,8%, e a média das debêntures (IDA), com alta de 10,6%, mesmo desempenho do IRF-M, que representa os papéis prefixados do governo.
O IHFA, que reúne os multimercados mais relevantes do mercado brasileiro, subiu 9,7% no período, pouco acima do CDI, de 9,4% no período. O fundo em cotas do Verde teve um retorno de 10,4%.
“No longo prazo tudo converge para os 10% ao ano, não importa o que você fez. E ajustado ao risco não valeu a pena fazer nada, não é? A não ser, talvez o IDA de infraestrutura atrelado ao IPCA [10,4%], porque apesar de ter batido o CDI por pouco, como é isento… mas quem pegou esse negócio nos últimos dez anos?”, provocou Stuhlberger.
O gestor lembrou ainda que o que detrata o desempenho do CDI em três e cinco anos foram os juros ultrabaixos da época da covid-19, quando a Selic caiu a 2% ao ano.
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