Os intensos temporais que atingiram o Rio Grande do Sul na última semana trouxeram prejuízos significativos para as lavouras, especialmente afetando a produção de arroz. Como o Estado é o maior produtor deste cereal no Brasil, as consequências são preocupantes para os agricultores locais.
O território gaúcho é responsável por aproximadamente 70% da produção nacional de arroz. Porém, as atuais condições climáticas representam um desafio, com previsão de impacto negativo na colheita. Inicialmente, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), estimava uma colheita de 7,48 milhões de toneladas ao final desta safra. Contudo, os temporais devem reduzir esse resultado.
A dificuldade em calcular os prejuízos reside na continuidade das tempestades, segundo o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). A colheita, que deveria ter sido concluída em abril, está atrasada devido às chuvas, afetando principalmente a região central do Estado. Ainda há cerca de 150 mil hectares de plantio de arroz pendentes de colheita.
Além dos atrasos na colheita, a qualidade do arroz tende a ser afetada quando cultivado fora do período ideal, resultando em grãos de qualidade inferior. Essa situação já foi observada no ano anterior, quando as chuvas também impactaram o plantio das sementes.
O pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Ariano Magalhães Júnior, estima que a produtividade do arroz no Estado, que estava inicialmente em 8,6 kg por hectare, possa diminuir para algo em torno de 8,2 kg a 8,3 kg por hectare, resultando em uma perda de 5% a 7% na safra.
O aumento do preço do arroz é uma expectativa devido aos problemas enfrentados na safra. A diretora executiva da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz) alerta para a possibilidade de impacto no consumidor. Além disso, a logística de transporte do arroz também deve ser afetada, devido aos bloqueios de rodovias causados pelas chuvas, dificultando a distribuição do produto.