Conforme o perfil do assassino de Charlie Kirk começa a ficar mais claro, as suspeitas de crime político parecem se confirmar: o ativista foi morto por seu papel à frente da maior organização de jovens conservadores dos Estados Unidos e, muito provavelmente, do mundo.
Durante os 13 anos em que comandou a Turning Point USA (TPUSA), Charlie Kirk plantou sementes que, com o tempo, se desenvolveram e passaram a gerar novos frutos. O que começou com uma pequena equipe de uma dúzia de pessoas agora está presente em mais de 3.500 campi de ensino médio e universitário.
A organização sem fins lucrativos foi fundada em 2012 por Charlie Kirk e Bill Montgomery, um empresário ativista da ala mais conservadora do Partido Republicano. Kirk tinha apenas 18 anos, mas Montgomery, cinquenta anos mais velho, o encorajou a largar a vida acadêmica para se dedicar à política em tempo integral.
Agora, com a morte de seu líder, a entidade deve crescer ainda mais rapidamente.
A rede que mudou a política estudantil nos Estados Unidos
A TPUSA estampa seu objetivo em sua página oficial: “Construir a rede de ativistas conservadores de base mais organizada, ativa e poderosa em escolas de ensino médio e universidades de todo o país”. E eles conseguiram. Em pouco mais de uma década, a entidade se consolidou como o programa de formação conservadora mais eficaz entre jovens, alcançando estudantes de ponta a ponta nos Estados Unidos.
Até mesmo o jornal progressista The Guardian reconheceu o impacto do trabalho. A organização e seu braço mais influente, a Turning Point Action, foram responsáveis por arrecadar dezenas de milhões de dólares, contratar centenas de funcionários em tempo integral e desempenhar papel decisivo na conquista do voto republicano para a última vitória eleitoral de Donald Trump.
O trabalho de Charlie Kirk foi um dos responsáveis por uma guinada surpreendente entre os americanos mais jovens. Um estudo realizado em 2023 apontou que os adolescentes da Geração Z têm duas vezes mais probabilidade de se identificarem como mais conservadores do que seus pais da Geração Millennials quando tinham a mesma idade, há 20 anos.
De acordo com as pesquisas de Gallup e a Fundação da Família Walton, os dados sinalizam uma mudança geracional em direção ao conservadorismo, com o maior salto vindo dos homens.
O estudo foi apresentado no The New York Times em 2023. O artigo assinado por Nate Cohn argumentou que, ao longo da década anterior, quase todas as faixas etárias de eleitores com menos de 50 anos haviam se deslocado para a direita, com base em uma análise de pesquisas pré-eleitorais das eleições presidenciais de 2012 e 2020 nos Estados Unidos.
Formação de jovens e confronto com a doutrinação ideológica
A estratégia de Charlie Kirk com a TPUSA foi de criar grupos de estudo e debates estudantis liderados pelos próprios alunos, onde ideias sejam conhecidas, discutidas e disseminadas. Assim os jovens encontraram onde e como defender valores conservadores em ambientes frequentemente dominados por esquerdistas.
O trabalho dos ativistas é levar palestrantes de direita para campi universitários e organizar conferências nas quais os próprios jovens podem discutir questões sociais contemporâneas sob uma perspectiva patriótica e embasada em valores morais.
Em uma busca rápida pelas redes sociais, é fácil encontrar relatos emocionantes dos participantes sobre como a TPUSA transformou suas vidas. Alguns jovens relatam como se apaixonaram por ideais perenes que lhes tiraram a timidez em falar em público. Outros creditam ao trabalho de Kirk a realização do próprio sonho de casar, formar uma família e assumir responsabilidades.
O método deu certo justamente porque enquanto Charlie Kirk aparecia com frequência nos meios de comunicação conservadores, em vídeos e podcasts diários, os estudantes aprendiam a se expressar, organizar conferências e levar palestrantes de direita para seus grupos escolares.
Outras duas estratégias bem-sucedidas são a Lista de Observação de Professores e a Lista de Observação de Conselhos Escolares, ambas criadas para expor docentes e conselhos que usam a sala de aula como instrumento de doutrinação. Mais de 500 professores já foram expostos, e muitos casos relatados ganharam espaço em veículos como Fox News, The Daily Wire e Post Millennial.
De conferências nacionais a eventos globais
O alcance da TPUSA não se limitou aos jovens. A ONG também organiza conferências nacionais e regionais para reunir líderes da direita americana diante de uma plateia numerosa de todas as idades, inspirando-os a se engajar politicamente.
Outro enfoque são os encontros voltados para a liderança feminina, incentivando as moças a refletir sobre prioridades de vida, fé e carreira. No campo digital, investiu em podcasts de grande audiência, como The Charlie Kirk Show e Culture Apothecary, de Alex Clark, que combinam estilo de vida saudável, notícias jornalísticas e filosofia política.
Durante a pandemia de COVID-19, quando muitas instituições reduziram suas atividades, a TPUSA seguiu crescendo, apoiada por lideranças estudantis que enfrentaram as restrições impostas nos campi. O próprio Donald Trump reconheceu o alcance do movimento discursando em eventos da organização e exaltando sua influência sobre a juventude.
A lista de atuações do grupo vai além. A TPUSA lançou ainda o The Dean’s List, uma plataforma para orientar jovens na escolha de universidades, e apoiou a Fundação BLEXIT. O nome significa “Black Exit” (Saída Negra), cuja iniciativa, liderada por Candace Owens e Brandon Tatum, foi estabelecida para empoderar as pessoas oriundas de minorias raciais para abolir a mentalidade de vitimização que as impede de buscar a liberdade e alcançar o Sonho Americano.
“Prove que estou errado”, a arena retórica
Em 2023, a TPUSA enviou colaboradores a Davos, Suíça, para expor a agenda globalista do Fórum Econômico Mundial, trazendo aos americanos informações que os meios de comunicação tradicionais não publicavam. Logo em seguida, eles realizaram o evento “Derrotando o Grande Reinício” (Defeating the Great Reset) contra o plano globalista de Davos.
Conferências como o AmericaFest e os debates estilo “prove que estou errado”, uma espécie de método socrático provocando os interlocutores com perguntas até que eles contradissessem a si mesmos, transformaram-se em ponto de encontro do conservadorismo americano, reunindo dezenas de milhares de pessoas ao redor dos Estados Unidos.
Mais do que uma organização estudantil, a TPUSA se firmou como uma força cultural e política que, como explica o próprio site do grupo, “aposta na Constituição como o documento mais excepcional da história e no capitalismo como o sistema econômico mais justo e comprovado”.
O Turning Point prestigiou até Bolsonaro
Segundo o comentarista político Paulo Figueiredo, Charlie Kirk fez questão de demonstrar apoio a Jair Bolsonaro, a quem entrevistou durante a estada do ex-presidente em solo americano no início de 2023.
“Ele não ficou apenas nas palavras. Organizou um grande evento no Trump Hotel, em Miami, com uma plateia numerosa e entusiasmada, e conduziu uma entrevista extensa com Bolsonaro, levando sua voz para além das fronteiras do Brasil”, relatou.
Figueiredo acrescenta que a programação terminou com um jantar que marcou o encontro e que, se não fosse pelo ativista, as sanções americanas contra o país não teriam sido possíveis.
O legado de Kirk tende a crescer
A morte de Charlie Kirk, no entanto, não paralisou a organização que ele criou. Pelo contrário, a comoção nacional provocou uma onda inédita de adesão entre estudantes, que passaram a enxergar nos núcleos da Turning Point um espaço de resistência e continuidade do projeto iniciado por seu fundador.
Andrew Kolvet, porta-voz da entidade e produtor do Charlie Kirk Show, revelou que em apenas 48 horas após o assassinato, mais de 32 mil pedidos de criação de novos clubes estudantis chegaram à sede da TPUSA.
Essa mobilização inesperada tem o potencial de acelerar um dos grandes sonhos de Kirk: levar o Club America a todas as 23 mil escolas secundárias dos Estados Unidos. Segundo Kolvet, a dor da perda transformou-se em energia multiplicadora para o movimento: “O sonho de Charlie vai se concretizar muito mais rápido do que ele jamais poderia imaginar”, afirmou em uma publicação no X.
A resposta dos jovens mostra que a TPUSA entrou em uma nova fase de expansão. As manifestações ao redor do mundo dão testemunho de que seu legado deve aumentar. Sua viúva, Erika, no primeiro pronunciamento após o falecimento do marido, reforçou esse espírito de continuidade ao prometer manter vivo o programa de rádio e o podcast que ele apresentava, além de seguir impulsionando as iniciativas da organização. “Nós nunca vamos nos render. Vamos continuar o legado de Charlie”, disse.
Nas palavras deixadas por Kirk, o papel da organização transcendia o presente imediato: “O futuro da liderança americana será moldado pelos jovens que hoje escolhem servir com coragem e convicção”. Essa convicção, transformada em prática, sustenta a permanência de sua obra mesmo após sua morte.
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