Antes de anunciar o seu voto a favor da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por golpe de Estado, a ministra Carmén Lúcia fez uma citação da obra de Victor Hugo, autor de “Os Miseráveis” e Notre-Dame de Paris (também conhecido como O Corcunda de Notre-Dame).

A ministra mencionou um diálogo do livro “História de um Crime”, no qual Victor Hugo, “ferrenho oposicionista ao golpe de Estado de Napoleão III”, segundo ela, relata o golpe de Estado dado por Bonaparte, em 1779.

No trecho citado pela ministra, um personagem rejeita a proposta de derrubar o governo e é questionado por outro se o golpe continuaria sendo mal se fosse por um bem maior, ao que o interlocutor responde: “O mal feito para o bem continua sendo mal”. Principalmente quando ele tem sucesso. Porque então ele se torna um exemplo e vai se repetir”.

O voto da ministra é o quarto no julgamento que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete acusados por participação na tentativa de golpe de Estado em 2022.

História de um Crime

O livro escrito por Victor Hugo, um dos principais opositores de Napoleão Bonaparte, é um relato pessoal sobre os eventos que culminaram no golpe de Estado capitaneado por Bonaparte. Ele dissolveu a Assembleia, prendeu líderes políticos e assumiu o governo como Primeiro Cônsul.

O livro é dividido em duas partes. A primeira começa quando a notícia do golpe se espalha. Hugo conta que seus colegas deputados e a população ficaram surpresos e indignados. A obra detalha ainda as tentativas frutadas de organizar uma resistência legal e de convocar a população para lutar pela Constituição.

A segunda parte do livro tem mais ação: Hugo descreve a sua participação ativa e a resistência viu nas ruas. Segundo ele, a brutalidade do exército reprimiu as manifestações com violência e prisões em massa.

O autor, que se torna um dos principais alvos da perseguição, vive dias de clandestinidade. O livro foi escrito durante seu período de exílio fora da França.