“Nepal em chamas: Manifestantes incendeiam parlamento, Suprema Corte e casas de ministros em protestos contra o governo” – manchete do portal G1, da Rede Globo. Que alívio! Eram só “manifestantes”. Imagina o estrago se fossem velhinhas golpistas com a Bíblia nas mãos?
“Tem a ver, inclusive, com a soberania nacional” – Chico Alencar, deputado federal (PSOL-RJ), ao convocar audiência pública sobre óvnis na Câmara. Para ser sincero, a maior ameaça à nossa soberania talvez não venha dos homenzinhos verdes, mas sim dos homenzinhos de toga
“Léo Lins debocha de condenação em novo show” – alerta o portal UOL. Como assim, em plena de-mo-cra-cia, um humorista ousa debochar do Judiciário? Se bem que o Judiciário debocha da gente há anos e nunca teve a decência de ser engraçado.
“Na obra ‘Divina Comédia Humana’, de Dante Alighieri [sic], o inferno é retratado em nove círculos concêntricos” – Jamil Chade, jornalista, em coluna onde aventa a pena de morte para os “traidores da pátria”. Pequeno aparte: “Divina Comédia Humana” é uma música do Belchior. O poema de Dante é apenas “A Divina Comédia”. Um fala do Brasil; o outro, do inferno. A diferença, convenhamos, é mínima.
“Eu prefiro não responder ao senhor” – Carlos Lupi, ex-ministro da Previdência de Lula, respondendo se era responsável por assinar indicações de diretores envolvidos na fraude do INSS. Compreensível. Se eu estivesse tão enrolado quanto ele, também ficaria caladinho.
“A maioria de nós está envergonhada” – Lucas Jagger, filho de Mick Jagger com modelo brasileira, sobre a “direita brasileira”. Talvez, mas não mais que o seu pai.
“Não me deixem chegar ao poder” – Renan Santos, líder do MBL. Pela primeira vez, estamos de acordo. Conte comigo!
A Semana do Molusco
“Tem gente branca querendo passar por negro” – Lula, sobre ACM Neto, pré-candidato ao governo da Bahia. Na política brasileira tem de tudo mesmo: branco se passando por negro, homem se passando por mulher… tem até descondenado querendo se passar por inocente.
“Um bêbado de rua” – Eduardo Bolsonaro, deputado federal licenciado (Sem partido-SP), sobre a importância de Lula no cenário internacional. Fake news. Lula não pode nem sair na rua para beber sossegado.
“Um país, para dar certo, ele precisa garantir que muitos tenham pouco dinheiro” – Lula, durante mais um comício de sua pré-campanha. Está resolvido o problema do Brasil: precisamos de mais pobres.
Plantão Internacional
“É um nome mais apropriado, dado o estado atual das coisas” – Donald Trump, ao renomear o “Departamento de Defesa” americano para “Departamento de Guerra”. Se a moda pega, daqui a pouco o Haddad sugere rebatizar o Ministério da Fazenda para “Ministério da Gastança”.
“Estou decepcionado com o Brasil” – Donald Trump, sobre reação do governo brasileiro ao tarifaço. O impressionante não é ele estar decepcionado com o Brasil; é ele ainda ter expectativas para serem frustradas.
“Moraes é um mafioso de terceira categoria decidido a usar lawfare político para manter o Bolsonaro fora das urnas” – Jason Miller, conselheiro de Donald Trump. Que comparação absurda! Os mafiosos ao menos seguem um código de honra.
“Trump não tem medo de usar meios militares para proteger liberdade de expressão” – Caroline Leavitt, porta-voz da Casa Branca, sobre abusos do STF. O Brasil também não. Só que para combatê-la.
O Julgamento do Século
“Há um plano de dominação religiosa do Estado brasileiro” – Petra Costa, cineasta e teórica da conspiração, sobre a bancada evangélica. Se o plano de dominação for tão bem executado quanto os filmes dela, podemos dormir tranquilos.
“Cinco ‘argentinos’ para julgar Pelé” – Nikolas Ferreira, sobre julgamento de Bolsonaro. E ainda validaram o gol de mão do Maradona.
“Uma vez encerrado o julgamento dos golpistas, não haverá mais desculpas para que o STF conserve os poderes excepcionais que invocou para enfrentar ameaça à democracia” – editorial do Estadão. Na torcida para que a democracia brasileira seja tão resiliente que sobreviva até aos seus “defensores”.
“Crimes contra o Estado Democrático de Direito são insuscetíveis de perdão! Cabe às instituições puni-los com rigor e garantir que jamais se repitam” – Gilmar Mendes, ministro do Supremo (STF-MT). Será, então, que podemos deduzir que existem aqueles crimes que são tão perdoáveis que merecem até um repeteco, tipo Mensalão e Petrolão?
“A ideia de que o juiz deve ser uma samambaia jurídica não tem nenhuma relação com o sistema acusatório” – Alexandre de Moraes, ministro do Supremo (STF-SP), defendendo sua conduta ao assumir o papel de promotor durante interrogatório dos acusados pelo suposto golpe. Trocar o Moraes por uma samambaia no STF seria um avanço: ao contrário de certos ministros, elas são simpáticas, discretas, ajudam a purificar o ambiente, não censuram ninguém e – detalhe importante – não dão palpite no que não é da sua competência.
“O ministro Alexandre de Moraes está falando há três horas e dez minutos. Até agora todos os sinais são de que ele condenará todos os réus” – Míriam Leitão, imortal da ABL, na cobertura do julgamento do “golpe”. No próximo bloco ela chocará a nação ao prever a morte de Odete Roitman em “Vale Tudo”.
“Ninguém na história da humanidade viu golpista que deu certo se autocolocar no banco dos réus” – Alexandre de Moraes. É verdade. O golpista de sucesso não se senta no banco dos réus; ele se senta nas cadeiras de juiz, promotor e carrasco. No fim, ainda discursa orgulhoso se gabando de ter derrotado seus inimigos. Certísimo, o ministro.
“Moraes vota para validar sua própria conduta como relator e critica defesas” – manchete da Folha de S.Paulo. O Moraes sempre gabarita na autoavaliação. Se dependesse só dele, passava até no concurso para juiz.
“Não há no Brasil ‘ditadura da toga’, tampouco ministros agindo como tiranos” – Gilmar Mendes, ministro do Supremo (STF-MT). E quem ousar discordar desta verdade absoluta será democraticamente censurado, preso ou tornado inelegível.
“Concedo todos os apartes, desde que rápidos, porque nós, mulheres, ficamos 2.000 anos caladas e queremos ter o direito de falar” – Carmén Lúcia, ministra do Supremo (STF-MG), em voto que condenou Bolsonaro. Agora tudo faz sentido! Minha mulher fala pelos cotovelos para compensar os 2.000 anos de silêncio.
“O que há de inédito, talvez, nesta ação penal é que nela pulsa o Brasil que me dói” – Carmén Lúcia, ainda em seu voto. Vai devagar na pausa para o almoço, ministra. Na idade da senhora, uma feijoada mais forte pode causar esse tipo de pulsação mesmo.
Fux no Fim do Túnel
“Fux é burro ou mau-caráter?” – Duda Salabert, membro da Câmara dos Deputados (PDT-MG), atacando ministro do STF após voto pela anulação do julgamento do “golpe”. Não sei. Só sei que ele é azarado, pois foi o único juiz de carreira a julgar Bolsonaro.
“Em virtude da incompetência absoluta para o julgamento, impõe-se a declaração de nulidade absoluta de todos os atos” – Luiz Fux, ministro do STF, em voto no julgamento do “golpe”. Por esse crime contra a democracia, Fux deveria ser condenado a prestar um serviço comunitário: dar aulas de Direito Constitucional para os outros ministros. E, de quebra, umas aulinhas de reforço de português para o Moraes, que anda precisando.
“Como o Senhor pode verificar, estou evitando citar os nomes dos colegas da corte, eu acho extremamente deselegante” – Luiz Fux, mandando indireta a Moraes durante seu voto. Mentira. É pura superstição: dizem que repetir o nome de certas figuras muitas vezes acaba atraindo o coisa-ruim.
“Um dos mais malucos da história do STF” – Ministro Anônimo do STF, sobre voto de Fux, segundo a colunista do UOL. Carla Araújo. Da série “Criaturas Pitorescas do Folclore Nacional”: O Ministro Anônimo. Uma besta-fera careca, com boca de sapo, rabo de pavão e barriga de elefante.
“Faz muito pouco sentido, não havia militares nas ruas em 2013” – Davi Tangerino, professor de direito da UERJ, criticando paralelo entre 8 de janeiro e os protestos de 2013, feito por Luiz Fux. É verdade, havia militares nas ruas em 8 de janeiro, sim. Inclusive, estavam ocupadíssimos prendendo as velhinhas nos acampamentos.
“Todo mundo pode tentar matar todo mundo, contanto que não consiga, tá absolvido, é isso?” – Zélia Duncan, cantora, criticando o voto de Fux. Olha, essa atrocidade jurídica da Zélia a gente até perdoa. Duro mesmo é perdoar as atrocidades auditivas que ela comete há anos.
“Não tinha competência, mas votou” – Túlio Gadêlha, namorado da Fátima Bernardes e deputado federal (Rede-PE), sobre voto de Luiz Fux. Lembra até a sua atuação na Câmara, né deputado?
Diálogos Sancionados
“Será que alguém imagina que um cartão de crédito ou o Mickey vão mudar o julgamento no Supremo?” – perguntou Flávio Dino, ministro do Supremo (STF-MA). Essa valentia toda é bonita na tribuna. Quero ver é na hora de comprar um Big Mac e descobrir que o cartão foi cancelado.
“Ou o Pateta…” – respondeu Alexandre de Moraes. Sentindo falta dos holofotes, o ministro decidiu registrar sua presença.
“É, o Pateta, ele aparece com mais frequência nesses eventos todos” – emendou Flávio Dino. Reconhecendo que Moraes não perde um só evento: seja o Gilmarpalooza ou um convescote com empresários do Dória
Independência ou Morte
“A nossa bandeira jamais será vermelha” – Tabata Amaral, criticando a presença da bandeira americana em atos do 7 de setembro. Dizem que o daltonismo está associado à alta inteligência. No caso da Tabata, podemos afastar qualquer risco de correlação.
“A República Islâmica do Irã expressa seus sinceros parabéns ao Governo e à nação amiga do Brasil pelo Dia da Independência. Estamos determinados a promover a cooperação com base no respeito mútuo e em nossos interesses comuns” – Abdollah Nekounam Ghadirli, embaixador da ditadura iraniana no Brasil. Agradecemos os parabéns e retribuímos com votos sinceros de que o povo iraniano, um dia, possa botar os aiatolás para correr e comemorar sua própria independência.
“Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes” – Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), governador de SP , durante ato do 7 de setembro. O governador subestima a imensa capacidade para a tolerância do Senado Federal. Eles já aguentam censura, violação de imunidade, prisões arbitrárias e até colega trabalhando de tornozeleira eletrônica… tudo isso sem dar um pio.
“O que o Brasil realmente não aguenta mais são as sucessivas tentativas de golpe que, ao longo de sua história, ameaçaram a democracia e a liberdade do povo” – Gilmar Mendes, respondendo a Tarcísio. É verdade, o Brasil não aguenta mais tentativas de golpe. Alguns chegam até a preferir manter os golpes que estão dando certo, em nome da democracia.
“Vossa Excelência é um violador de direitos humanos e comete crimes reiterados no Brasil” – Sóstenes Cavalcante, deputado federal (PL-RJ), em recado a Alexandre de Moraes durante o 7 de setembro. Agora o deputado passou de todos os limites. Chamar um violador de direitos humanos de “Vossa Excelência” é simplesmente imperdoável.
- O novo dicionário jurídico brasileiro (de acordo com o STF)
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