O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) concluiu que não há evidências de crime de lavagem de dinheiro envolvendo o cantor Gusttavo Lima, em investigação ligada à Operação Integration, que apura crimes financeiros e lavagem de dinheiro de jogos de azar. O parecer, ao qual o g1 teve acesso, foi enviado à juíza Andréa Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal do Recife, e é assinado por cinco promotores do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco).
De acordo com o MPPE, a discrepância entre a data da assinatura eletrônica do distrato de venda de uma aeronave e a data registrada, bem como a venda posterior da aeronave para a J. M. J. Participações Ltda., não configuram elementos suficientes para caracterizar lavagem de dinheiro. A aeronave, um Cessna Aircraft modelo 560XLS, foi negociada pela empresa de eventos Balada Eventos e Produções Ltda., pertencente ao cantor.
A investigação indica que os valores de R$ 4,9 milhões e R$ 4,8 milhões, recebidos pela empresa do cantor, vieram da HSF Entretenimento e Promoção de Eventos Eireli (conhecida como Esportes da Sorte). O dinheiro foi usado para a aquisição do avião, e a documentação, incluindo contratos e distratos, além de movimentações bancárias, demonstram a devolução integral dos valores.
Os promotores destacaram que as transações envolveram apenas a empresa Vai de Bet, sediada na Paraíba, sem relação com a Esportes da Sorte, que opera em Pernambuco. Por isso, o MPPE recomendou que a 12ª Vara Criminal do Recife seja declarada incompetente para julgar o caso, sugerindo a transferência do processo para a Comarca de Campina Grande, na Paraíba.
Além disso, a promotoria solicitou que o envolvimento de Thiago Lima Rocha e Rayssa Ferreira Santana Rocha, proprietários da Zelu Brasil Facilitadora de Pagamentos, também fosse julgado em Campina Grande. A Zelu Brasil é alvo da operação por receber valores da Esportes da Sorte sem comprovação da ligação com crimes investigados.
Entenda a Operação Integration
A Operação Integration foi deflagrada no dia 4 de setembro, cumprindo mandados de prisão e busca e apreensão em diversos estados, incluindo Pernambuco, Paraíba, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Goiás. Entre os presos, estavam Deolane Bezerra e sua mãe, Solange Bezerra. A aeronave de Gusttavo Lima foi apreendida no aeroporto de Jundiaí, enquanto o cantor estava na Grécia com empresários ligados à Vai de Bet, também investigados.
Após a prisão de Deolane, o Tribunal de Justiça de Pernambuco autorizou sua transferência para prisão domiciliar, com monitoramento eletrônico. No entanto, em 10 de setembro, sua prisão domiciliar foi revogada e ela voltou a ser presa.
Em 15 de setembro, Gusttavo Lima foi indiciado por suposta participação em crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa. No dia 23 do mesmo mês, a juíza Andréa Calado decretou sua prisão preventiva. Contudo, poucas horas antes, o cantor deixou o Brasil rumo a Miami. A ordem de prisão foi revogada no dia seguinte pelo desembargador Eduardo Guilliod Maranhão, que considerou as justificativas para a detenção insuficientes.