Lula falou sobre o assunto ao ser questionado sobre seu compromisso com a responsabilidade fiscal e pautas que podem gerar impacto no Orçamento. “Responsabilidade fiscal é coisa séria para mim, não preciso de professor para me ensinar, eu aprendi com a Dona Lindu [mãe do presidente]. Os banqueiros ficam nervosos quando anunciamos que vamos dar benefícios aos pobres. ‘Para que dar para pobre? Dá para nós’. ‘Para que dar para pobre? Investe no sistema financeiro’ A Faria Lima está precisando'”, emulou o presidente, durante entrevista ao “Jornal da Band”, como se estivesse imitando supostos pedidos de banqueiros.

“É por isso que eu vou dizer para você uma coisa: nós fizemos a mais importante operação contra o crime organizado da história desse país. E vai chegar na Faria Lima e vai pegar as fintechs. Vai pegar algumas coisas que não apareceram, porque o nosso problema contra o crime organizado é saber que eles estão metidos em todas as esferas, estão no futebol, na política, no Judiciário, nos bancos, nas empresas. Virou uma coisa multinacional. Nós vamos enfrentar o crime organizado. Por isso que nós fizemos essa operação”, disse.

A afirmação feita pelo presidente tem como pano de fundo o fato de a Polícia Federal (PF) ter deflagrado uma megaoperação, no mês passado, para desmantelar um esquema de fraudes e de lavagem de dinheiro no setor de combustíveis, com infiltração de integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Alguns dos mandados da operação foram cumpridos justamente na Faria Lima, em sedes de empresas que têm atuação conhecida no mercado financeiro.

Na mesma entrevista, Lula demonstrou otimismo ao dizer que acredita que o Congresso Nacional irá, sim, aprovar o projeto que isenta da cobrança do Imposto de Renda aqueles que têm renda de até R$ 5 mil. Ele não demonstrou o mesmo otimismo quando mencionou a chamada Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, proposta que foi enviada pelo Executivo, mas ainda aguarda apreciação dos congressistas. “O Congresso tem que aprovar PEC da Segurança Pública”, defendeu.

Lula evitou criticar o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, mas admitiu que a taxa básica de juros, a Selic, hoje a 15%, está elevada. Lula afirmou que precisa ser estabelecido um “timing” para dar início à redução da taxa, e que isso pode acontecer ainda este ano.

“Não vou falar mal do Galípolo publicamente, ele foi indicado por mim [à presidência do BC]”, disse Lula. “Galípolo sabe que a taxa de juros está alta, eu sei, todos sabem, mas o que é preciso saber é o timing para começar a baixar isso.”

O petista disse que o governo está controlando a inflação, mas que se pretende reduzir ainda mais o índice de preços. Como consequência, afirmou, a Selic começará a abaixar.

“Não vou dizer que é o ano que vem, pode ser este ano ainda, mas ela [Selic] vai começar a baixar, mas tem que começar a baixar com muita sobriedade e sustentabilidade”, comentou. O presidente pontuou que o Brasil não pode ficar numa “gangorra”. Apesar de admitir que a Selic está alta, Lula enalteceu os investimentos que o país está recebendo.