O cenário parecia algo improvável: um homem, enrolado em um lençol, caminhava pelo Aterro do Flamengo segurando uma tartaruga marinha viva nos braços. O animal, que se debatia desesperadamente, estava claramente fora de seu habitat e em perigo. A cena, registrada por testemunhas, viralizou e chamou a atenção para um problema ambiental cada vez mais preocupante: a falta de fiscalização e o risco à fauna marinha na região.
O resgate inesperado
Na manhã daquela segunda-feira, o adestrador Adriano Almeida fazia sua caminhada matinal com dois cães quando percebeu a movimentação estranha. O homem, identificado por moradores da área como “Baiano”, carregava a tartaruga envolta em um lençol.
Intrigado e desconfiado, Adriano decidiu intervir. Aproximou-se e questionou o que ele pretendia fazer com o animal. O homem tentou desconversar e seguir seu caminho, mas logo outras pessoas em situação de rua confirmaram que ele teria capturado a tartaruga para consumo próprio.
— O pessoal da área me disse que ele pegou a tartaruga para comer. Em algumas partes do Brasil, isso ainda acontece. Mas, de qualquer forma, ela já estava há muito tempo fora da água e poderia morrer — contou Adriano.
A tartaruga, de aproximadamente 30 quilos, já apresentava ferimentos e sinais de sangramento. Percebendo a gravidade da situação, Adriano e outras pessoas acionaram a Polícia Militar, que rapidamente chegou ao local.
Fuga e retorno ao mar
Enquanto os policiais tentavam conter a situação e salvar o animal, “Baiano” aproveitou a distração e fugiu. O homem desapareceu entre as ruas do Flamengo, deixando para trás a tartaruga, que foi resgatada e levada de volta ao mar.
A cena, que rapidamente se espalhou pelas redes sociais, gerou revolta e debate sobre a falta de fiscalização ambiental na região. Segundo Bebel Franklin, presidente da Associação de Moradores do Flamengo, o resgate do animal foi um verdadeiro “milagre”.
— Ele saiu da praia, andou um longo trecho com a tartaruga nos braços e poderia ter sumido sem ninguém notar. Se não fosse alguém ter filmado e a polícia estar perto, o destino dessa tartaruga poderia ter sido outro. O pior é que crimes ambientais como esse são frequentes por aqui. Churrascos ilegais, lixo na praia, eventos que deixam resíduos na areia e, agora, isso — lamentou.
O perigo oculto: carne de tartaruga pode ser fatal
Ainda não se sabe se o homem realmente pretendia comer o animal, mas especialistas alertam para os riscos dessa prática. De acordo com o biólogo Ricardo Gomes, diretor do Instituto Mar Urbano, o consumo de carne de tartaruga pode causar uma intoxicação grave chamada quelonitoxismo.
— Essas toxinas vêm de algas nocivas que contaminam os oceanos e acabam sendo absorvidas por animais marinhos. As tartarugas, ao se alimentarem de organismos contaminados, acumulam essas toxinas, que podem ser letais para humanos — explicou Ricardo.
Um exemplo trágico desse perigo aconteceu no ano passado, no arquipélago de Zanzibar, na África, onde oito crianças e uma mulher morreram após consumirem carne de tartaruga contaminada. Outras 78 pessoas precisaram ser hospitalizadas.
Sobre o estado de saúde do animal resgatado, Ricardo acredita que a tartaruga pode ter se recuperado bem, desde que não tenha sofrido ferimentos internos.
— Pelo tamanho, devia ter uns 10 anos. Se não tiver passado muito tempo fora d’água, ela tem grandes chances de sobreviver. Felizmente, foi resgatada a tempo — concluiu.
A luta pela proteção da fauna
O caso levanta um alerta importante: até quando crimes ambientais como esse continuarão acontecendo sem uma resposta firme das autoridades? Sem fiscalização e sem medidas preventivas, animais marinhos continuarão vulneráveis a ações predatórias.
Para evitar novos casos como esse, é essencial que a população denuncie qualquer suspeita de crime ambiental.
DENUNCIE!
Se você presenciar alguma atividade suspeita ou crime ambiental, entre em contato com a Patrulha Ambiental ou com os órgãos responsáveis da sua cidade.
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