Governo propõe gasolina com 30% de etanol e culpa guerra no Oriente Médio
O governo federal pretende aumentar o percentual de etanol anidro na gasolina vendida no Brasil, passando dos atuais 27,5% para 30%. A proposta, que será votada nesta quarta-feira (25) pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), é apresentada como uma resposta à tensão no Oriente Médio, especialmente ao conflito entre Irã e Israel, que ameaça o fornecimento global de petróleo.
Segundo o Ministério de Minas e Energia, a nova mistura chamada de gasolina E30 teria como principal objetivo reduzir o impacto da alta do petróleo sobre os consumidores brasileiros, ao mesmo tempo em que impulsionaria a cadeia produtiva do etanol e diminuiria a dependência do país em relação à gasolina importada.
Governo aposta na E30 para enfrentar crise internacional
Com o risco de bloqueio do Estreito de Ormuz, por onde passa cerca de 20% do petróleo mundial, a guerra no Oriente Médio tornou-se um fator estratégico para o Brasil. A proposta da gasolina E30 surge como uma forma de garantir estabilidade nos preços internos, além de reforçar o uso de biocombustíveis produzidos localmente.
Segundo dados do governo, a medida pode gerar os seguintes efeitos imediatos:
- Redução de até R$ 0,13 por litro de gasolina na bomba;
- Diminuição na importação de cerca de 760 milhões de litros de gasolina por ano;
- Aumento da demanda por 1,5 bilhão de litros de etanol anidro, fortalecendo a indústria canavieira e de etanol de milho;
- Estímulo estimado em R$ 9 bilhões em investimentos no setor agroindustrial;
- Melhora no ciclo de carbono, com menor pegada ambiental na cadeia dos combustíveis.
Especialistas apontam benefícios, mas também riscos
Apesar das vantagens divulgadas pelo governo, técnicos do setor automotivo e especialistas em energia alertam para possíveis problemas práticos com a implementação da gasolina E30.
Entre os principais pontos de atenção estão:
- Desempenho de veículos antigos: Carros fabricados antes de 2009 podem apresentar falhas na partida a frio, instabilidade na marcha lenta e perda de desempenho em retomadas de velocidade.
- Aumento no consumo: Como o etanol tem menor poder calorífico que a gasolina, o consumo por quilômetro rodado pode subir, anulando parte da economia prometida.
- Logística de distribuição: Postos e distribuidoras terão que adaptar seus sistemas para operar com a nova proporção de etanol, o que pode gerar atrasos e custos operacionais.
- Fiscalização comprometida: A ANP (Agência Nacional do Petróleo) enfrenta cortes de orçamento e, atualmente, opera com fiscalização reduzida, o que pode abrir espaço para fraudes com etanol hidratado.
- Motores pequenos e motos: Modelos de baixa cilindrada, como motocicletas, geradores e roçadeiras, são mais sensíveis a alterações na composição do combustível e podem sofrer com superaquecimento e falhas mecânicas.
- Falta de debate público: Entidades de defesa do consumidor criticam a ausência de uma consulta pública ampla e alegam que a medida pode ser apressada, sem os devidos esclarecimentos à população.
Testes mostraram viabilidade técnica
O governo baseia sua proposta em testes realizados pelo Instituto Mauá de Tecnologia, que avaliou carros e motos com a gasolina E30. Os resultados indicaram que a nova mistura é tecnicamente viável, com funcionamento semelhante à gasolina atual. Algumas variações no desempenho foram registradas, mas consideradas aceitáveis dentro dos padrões estabelecidos.
Próximos passos
Se aprovada pelo CNPE, a medida será regulamentada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), com previsão de implementação já a partir de julho de 2025. O governo quer garantir que as distribuidoras e postos estejam aptos a operar com a nova mistura o quanto antes.
Conclusão
A gasolina com 30% de etanol surge como uma tentativa do governo de reagir a uma crise externa e, ao mesmo tempo, fomentar a produção de biocombustíveis no Brasil. No entanto, os impactos para o consumidor, a frota de veículos e o sistema de abastecimento ainda são incertos, e exigem mais debate, fiscalização eficiente e transparência.
A decisão que será tomada nesta quarta-feira pode definir os rumos da política energética brasileira nos próximos anos — e afetar diretamente o bolso de milhões de motoristas.
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