Profissional da área funerária viraliza com vídeo sobre riscos de contaminação em frutas de árvores plantadas sobre túmulos. Mas será que há comprovação científica? Fomos investigar.

Um vídeo publicado nas redes sociais por um coveiro experiente reacendeu um debate curioso e, ao mesmo tempo, inquietante: é seguro comer frutas que crescem dentro de cemitérios?

No vídeo, o coveiro responde à pergunta de um seguidor afirmando que as árvores plantadas nos cemitérios se alimentam de um solo “contaminado”. Segundo ele, a terra está impregnada por um líquido chamado “necroxerônico”, que viria do processo de decomposição dos corpos enterrados. Isso, de acordo com ele, faria com que as frutas dessas árvores fossem potencialmente perigosas à saúde humana.

“A árvore está enraizada na terra. A terra de cemitério é contaminada. O alimento que a árvore pega do chão do cemitério está com contaminação”, afirma no vídeo.
“Ah, mas eu como e nunca me deu nada. Ótimo, enquanto sua imunidade estiver alta, maravilha. O dia que baixar, é quando vai acontecer.”

O alerta dividiu opiniões e despertou dúvidas em muitos internautas. Por isso, o portal BelfordRoxo24h foi investigar o que diz a ciência sobre isso.

Afinal, é mito ou verdade?

Apesar do tom alarmista do vídeo, não existe comprovação científica de que frutas de árvores em cemitérios sejam automaticamente contaminadas ou tóxicas. Também não há registros técnicos ou médicos sobre a substância chamada “necroxerônico” – o termo, aparentemente, não é reconhecido em estudos sobre decomposição humana.

No entanto, especialistas ouvidos em diferentes publicações nacionais e internacionais concordam que o solo de cemitérios pode sim conter compostos de origem biológica e química, como resíduos de agentes usados em embalsamamento (formol, por exemplo), além dos próprios produtos da decomposição natural dos corpos.

Esses elementos podem estar presentes em pequenas quantidades no solo, mas não há consenso se eles conseguem subir até os frutos em níveis perigosos à saúde humana.

“Tecnicamente, as árvores fazem filtragem natural ao absorver nutrientes e água pelas raízes. A fruta em si passa por diversas transformações antes de ser formada. Então, o risco não é tão direto quanto se imagina”, explicou um biólogo consultado por nossa equipe.

Questão de consciência, cultura e respeito

Mais do que uma dúvida sanitária, o tema levanta também uma reflexão cultural. Para muitas pessoas, colher frutas em um cemitério é visto como um ato desrespeitoso ou até espiritual, independentemente da composição do solo.

O próprio coveiro encerra seu vídeo com um apelo:

“O que está aqui dentro é do pessoal. É de quem está aqui dentro. Esqueçam isso.”

Por outro lado, há quem defenda que a natureza segue seu curso, e que árvores frutíferas em cemitérios não são diferentes de outras espalhadas pelas cidades.

Conclusão do BelfordRoxo24h

Não há consenso científico de que frutas de árvores em cemitérios causem danos à saúde, mas o alerta serve para reflexão. A decisão de consumir ou não deve levar em conta tanto o bom senso quanto o respeito ao local e às crenças pessoais de cada um.

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