O Banco Central (BC) protagonizou a maior intervenção no mercado cambial desde a adoção do regime de câmbio flutuante, em uma tentativa de conter a valorização do dólar em dezembro. Apesar dos esforços, o real encerrou 2024 como a segunda moeda mais desvalorizada do ano. A moeda americana acumulou alta de 27,34% frente ao real, registrando o maior avanço anual desde o início da pandemia de covid-19, em 2020.
Na última segunda-feira (30), o BC realizou um leilão à vista de US$ 1,815 bilhão, poucos minutos após a moeda atingir a cotação máxima de R$ 6,2426 no dia. A ação foi suficiente para reverter a alta momentânea e levar o dólar a fechar em queda de 0,21%, cotado a R$ 6,1802. Apesar disso, a valorização mensal da moeda americana ficou em 2,98%.
Instabilidade no mercado cambial
A formação da taxa Ptax — utilizada como referência para contratos cambiais — aumentou a volatilidade no mercado nesta reta final do ano. Durante o dia, o dólar chegou a cair 0,64%, alcançando R$ 6,1535, antes de estabilizar. Analistas destacaram que a intervenção do BC foi estratégica, realizada após a definição da Ptax para evitar interferências diretas na disputa entre investidores.
Mesmo assim, o cenário econômico não se mostrou favorável. Reginaldo Galhardo, gerente da corretora Treviso, descreveu as intervenções do BC como “secar gelo”, diante da dificuldade de conter a valorização do dólar. Apenas em dezembro, o BC injetou US$ 21,575 bilhões no mercado, o maior volume já registrado em um único mês no regime de câmbio flutuante, superando os US$ 12,054 bilhões de março de 2020, no início da pandemia.
Fatores que impulsionaram a alta
Internamente, o mercado reagiu de forma negativa às medidas fiscais anunciadas pelo governo, consideradas insuficientes para equilibrar as contas públicas. A isenção do imposto de renda para salários de até R$ 5 mil, sem clareza sobre compensações, aumentou as preocupações. Além disso, a incerteza quanto à aprovação do orçamento de 2025 gerou mais estresse cambial.
No cenário global, a reeleição de Donald Trump nos Estados Unidos elevou temores sobre políticas inflacionárias, aumentando as expectativas de novos aumentos nos juros pelo Federal Reserve. A elevação inesperada das taxas de juros pelo Banco do Japão também pressionou moedas emergentes, como o real, ao tornar operações de carry trade menos atrativas.
Impactos no mercado global
Embora o real tenha sido uma das moedas mais prejudicadas, a alta do dólar foi generalizada. Nos mercados emergentes, a moeda americana subiu 24% frente ao rublo, 21% contra o peso mexicano e 20% em relação à lira turca. O índice DXY, que mede a força do dólar em relação a uma cesta de moedas fortes, acumulou alta de 6,6% no ano, encerrando a segunda-feira a 108,07 pontos.
A cotação da taxa Ptax de 30 de dezembro foi fixada em R$ 6,1923, consolidando um aumento de 27,91% ao longo de 2024. Este cenário reflete o desafio econômico enfrentado pelo Brasil, que encerra o ano com o real em sua pior performance desde 2020.
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