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a estagnação econômica do Brasil desde 2003

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Apesar de ser a 9ª maior economia do mundo em termos de Produto Interno Bruto (PIB) ajustado pela Paridade do Poder de Compra (PPC), o Brasil enfrenta um processo contínuo de empobrecimento estrutural que se aprofundou a partir das sucessivas gestões do Partido dos Trabalhadores (PT), iniciadas em 2003. Desde então, o Brasil foi “governado” pelo lulopetismo em 16 dos últimos 22 anos.

 O fenômeno do empobrecimento estrutural manifesta-se na queda significativa no ranking global de renda per capita, baixa participação no comércio internacional e persistentes entraves estruturais que limitam o desenvolvimento econômico e social do país.

Em 2003, o Brasil ocupava a 60ª posição no ranking global de PIB per capita ajustado pela PPC, tendo caído para o 85º lugar em 2023, dentre 195 países, conforme estudo recente divulgado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). E a situação tende a piorar, de acordo com os dados publicados, cujos prognósticos apontam para queda continuada até, ao menos, 2026, quando o Brasil chegará à nada honrosa posição de número 90.

Essa estagnação socioeconômica é evidenciada por comparações com outras economias emergentes, como Turquia, Indonésia, México e Índia, e países que ainda eram considerados emergentes no início da década de 2000, como China e Coreia do Sul, em contexto no qual o Brasil registra desempenho inferior na absoluta maioria dos indicadores-chave. 

O Brasil apresentou um crescimento médio anual do PIB de 1,3% entre 2003 e 2023, inferior a todos esses países, tendo a Turquia registrado 4,7%, a Indonésia com 5%, México com 2,3%, Índia com 6,2%, China com 5,5% e Coreia do Sul com 2,6%.

Da mesma forma, enquanto o PIB per capita brasileiro (PPC) registrava USD 18.000 em 2023, Coreia do Sul, Turquia, México e China alcançaram USD 56.000, USD 35.000, USD 30.000 e USD 22.000, respectivamente. Se mantiver a taxa média de crescimento das últimas duas décadas, o Brasil levará 63 anos para dobrar seu PIB per capita, um ritmo extremamente lento comparado a outras economias emergentes.

Existe uma vasta e sólida base de evidências científicas e empíricas que apontam para uma forte ligação entre o aumento da renda per capita de um país e sua participação no comércio mundial. Essa relação é complexa e bidirecional, com cada um influenciando o outro de diversas maneiras, não sendo o objetivo deste artigo explicá-la, mas tão somente explicitar a convergência dos dados.

Nesse sentido, a participação do Brasil na corrente de comércio mundial (soma de exportações e importações) permanece muito reduzida, tendo subido apenas marginalmente de 1%, em 2003, para 1,3% do total global em 2023. Embora possuam economias significativamente menores do que a do Brasil, com PIB (PPC) de USD 4 trilhões, México (USD 3,4 tri) e Coreia do Sul (USD 2,81 tri) conseguiram ser muito mais eficientes na integração às cadeias globais de valor e, por conseguinte, no aumento da renda per capita de suas populações. A participação do México é de 2,6% do total global, enquanto a da Coreia do Sul é de 3%. A Índia triplicou sua participação, saindo de 1% para 3,3% no período 2003-2023, enquanto a China saltou de 6% para 13%.

Essa anomalia não é fortuita. A política externa dos governos petistas, marcada por um ativismo Sul-Sul ineficaz e uma retórica frequentemente refratária às democracias ocidentais, limitou severamente a abertura de novos mercados e a modernização da indústria nacional. Priorizou-se uma integração regional restrita, muitas vezes ideológica, em detrimento de uma estratégia global que buscasse inserção competitiva em cadeias de valor mais sofisticadas. O resultado foi a cristalização de um viés primário-exportador, em que as poucas vantagens competitivas do Brasil se concentram na venda de produtos sem alto valor agregado, enquanto o país permanece como mero espectador da globalização produtiva.

A dependência de commodities primárias, como soja, minério de ferro e petróleo, limita a capacidade do Brasil de agregar valor às exportações. Além disso, a reduzida rede de acordos comerciais abrangentes e a baixa diversificação da pauta exportadora dificultam a inserção do país no comércio internacional. 

A participação de manufaturados nas exportações brasileiras caiu de 40% em 2003 para 30% em 2023, enquanto México (85%), Coreia do Sul (85%), China (80%), Turquia (70%) e Índia (65%) priorizaram estratégias deliberadas de industrialização ativa, criando complexos industriais e tecnológicos – com foco na formação técnica e na pesquisa e desenvolvimento (P&D) –, e investindo maciçamente em infraestrutura e logística, com o desenvolvimento de zonas industriais, a atualização e integração de modais distribuição (portos, hidrovias ferrovias) e no aumento da capacidade energética sustentável para sustentar cadeias produtivas complexas.

Esses fatores contrastam agudamente com o caso brasileiro, onde a desindustrialização precoce, a carga tributária elevada, a baixa produtividade, o foco em commodities, a infraestrutura precária, o assistencialismo estatal e o sistema educacional defasado limitaram o avanço da indústria manufatureira e de suas exportações.

Da mesma forma, esse conjunto de países com alto índice de manufaturados nas exportações implementaram ambientes mais favoráveis à atividade empresarial, com marcos regulatórios mais previsíveis, sistemas tributários menos complexos, maior segurança jurídica e incentivos claros à produção e ao comércio exterior. Facilitaram a abertura de empresas, o licenciamento, a obtenção de crédito e a integração com cadeias produtivas. Em contraste, o Brasil enfrenta entraves como burocracia excessiva, alta carga e complexidade tributária, insegurança jurídica e infraestrutura deficiente, o que aumenta os custos de produção, desestimula o investimento produtivo e prejudica a competitividade da indústria nacional.

Esses dados explicam a reduzida competitividade do Brasil e, evidentemente, sua dificuldade de acesso a mercados externos, sem os quais a atividade industrial fica tolhida, pois o consumo interno é incapaz de gerar o dinamismo necessário para a formação de um círculo virtuoso na economia, com aumento de escala, de empregos, de renda, de consumo doméstico e industrial, de arrecadação e de investimentos.

Não é de se admirar, portanto, que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) tenha apontado, em seu Ranking de Atividade Industrial 2023-2024, que o Brasil se encontra na última posição dentre as 18 maiores economias, longe de Coreia do Sul (3º), China (6º), Turquia (10º), Índia (12º) e México (13º)! 

A retração da indústria manufatureira brasileira não é um fenômeno de mercado espontâneo, mas sim reflexo de escolhas políticas e de gestão econômica equivocadas. O foco excessivo no consumo doméstico impulsionado por políticas de crédito e programas de transferência de renda, embora com benefícios sociais iniciais, não foi acompanhado de investimentos estruturais em produtividade e competitividade industrial.

 A infausta estratégia dos “campeões nacionais”, ao privilegiar grupos econômicos específicos com subsídios e financiamentos direcionados – sem mencionar os escândalos de corrupção –, gerou distorções de mercado sem, contudo, promover um ambiente de inovação e concorrência que pudesse reverter o processo de desindustrialização. A bonança das commodities, em vez de ser catalisadora de uma diversificação econômica, transformou-se em uma “maldição holandesa” velada, reforçando a dependência do setor primário e adiando as reformas urgentes para a manufatura de alto valor agregado.

O “Custo Brasil”, já notoriamente alto, foi agravado pela complexidade regulatória e pela insegurança jurídica que marcam as sucessivas administrações petistas. A intervenção estatal exacerbada em setores-chave da economia e a imprevisibilidade nas regras do jogo desestimularam o investimento privado de longo prazo, particularmente em infraestrutura, onde os gargalos logísticos persistiram. 

A expansão descontrolada dos gastos públicos, sem contrapartida em ganhos de eficiência, culminou em uma carga tributária que asfixia a produção e mina a competitividade. Além disso, a manutenção de um sistema educacional que, apesar de anos de governo, ainda falha em prover o capital humano qualificado para uma economia moderna e inovadora, selou o destino de uma nação à deriva em um mar de oportunidades perdidas. O “assistencialismo estatal”, embora crucial para mitigar a pobreza, não se traduziu em políticas de capacitação e inserção produtiva que pudessem criar uma base de crescimento sustentável.

O país parece estar preso na chamada “armadilha da renda média”, uma situação em que, após alcançar um nível intermediário de renda, enfrenta dificuldades para avançar para níveis mais altos. Isso ocorre devido à perda de competitividade em setores de baixo custo e à incapacidade de competir em setores de alto valor agregado. O empobrecimento estrutural do Brasil é resultado de décadas de políticas econômicas ineficazes, falta de investimentos em áreas estratégicas e resistência a reformas necessárias. Sem uma mudança significativa de rumo, o país continuará a perder relevância no cenário internacional e a oferecer condições de vida inadequadas para grande parte de sua população.

E o mais alarmante é que, ao que tudo indica, a lição não foi aprendida. A insistência em um modelo que prioriza a ingerência estatal, o protecionismo velado, o isolamento comercial, a anemia diplomática, a anomia moral e a miopia estratégica, sob a égide atual do governo Lula, sinaliza uma nova rota de colisão, manifesta na crescente tensão política com os EUA e na absolutamente descabida decisão de tarifar as importações norte-americanas, que não terão nenhum efeito no cômputo geral das contas externas daquele país, mas significarão grande prejuízo adicional ao consumidor brasileiro.

Nesse quadro, as vozes que alertam para a urgência de mudança de rumos, com reformas políticas e estruturais, desburocratização e uma inserção global proativa são ignoradas ou perseguidas, enquanto o Brasil se afunda em uma espiral de irrelevância econômica. 

A nação, outrora promessa de futuro, definha sob o peso de um passado que insiste em se repetir. Lula e sua trupe de desmiolados lançam um cone de sombras que se estende sobre cada lar brasileiro, ameaçando arrastar o país para um abismo sem retorno, onde as esperanças de gerações futuras serão pulverizadas pela inércia e pela insensatez de um projeto de poder falido.

Marcos Degaut é doutor em Segurança Internacional, pesquisador sênior na University of Central Florida (EUA), ex-secretário especial adjunto de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, ex-secretário de Produtos de Defesa do Ministério da Defesa e ex-secretário executivo da Câmara de Comércio Exterior do Brasil (CAMEX).

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