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a criminalização das ideias conservadoras

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Durante séculos, a liberdade de expressão foi considerada um pilar inegociável das democracias modernas. Atualmente, porém, vivemos uma era da irracionalidade, marcada por uma crescente intolerância às ideias e valores conservadores, em contexto do qual as liberdades individuais parecem ter se tornado um privilégio condicional, reservado apenas àqueles que professam as ideias consideradas “certas”.

Em tempos passados, a censura era imposta por regimes autoritários, monarquias absolutistas ou ditaduras teocráticas, que temiam a divergência como ameaça à sua hegemonia. Hoje, assistimos a uma inversão paradoxal: a asfixia do pensamento crítico parece emergir de setores que se autoproclamam baluartes da liberdade e da inclusão. A história, contudo, é um espelho implacável: de Atenas, que condenou Sócrates por “corromper a juventude”, às purgas ideológicas da Inquisição ou dos regimes totalitários do século XX, a narrativa da “verdade única” sempre precedeu a supressão da liberdade.

Nesse contexto, o pensamento conservador tem sido sistematicamente marginalizado, censurado e rotulado como antidemocrático. Em nome da tolerância e do amor, incentiva-se a intolerância e o ódio contra tudo que fuja da cartilha progressista, com apoio de setores da mídia, das redes sociais e até de instituições do Estado. Observamos a ascensão de um novo tipo de “polícia do pensamento”, onde algoritmos, conselhos editoriais e ativistas digitais atuam como censores, banindo vozes, desmonetizando plataformas e impulsionando campanhas de difamação. 

Esse cerco midiático e digital ecoa a instrumentalização da propaganda nos regimes fascistas e comunistas do século passado, onde a narrativa oficial se impunha pela saturação e pelo aniquilamento moral do dissidente. Esta é a era em que pensar diferente se tornou um risco, e ser de direita, um perigoso ato de resistência.

Em nome de uma suposta luta contra o “ódio” e pela “democracia”, o que se vê é um movimento orquestrado de criminalização de opiniões, demonização da direita e cerceamento de liberdades fundamentais, especialmente a liberdade de expressão.

Não é apenas a discordância que se busca silenciar, mas a própria existência de uma cosmovisão alternativa. A “ortodoxia progressista” não se contenta em dominar o debate; ela exige a rendição e a adesão total, classificando qualquer desvio como uma ameaça existencial à “democracia” ou à “justiça social”. O paradoxo é cruel: sob o pretexto de combater um extremismo inexistente da direita, fomenta-se um extremismo de reclusão ideológica.

Valores como família, fé, pátria, responsabilidade individual, empreendedorismo e ordem social, que formam a base do pensamento conservador, vêm sendo sistematicamente tratados como retrógrados, fascistas ou, até mesmo, criminosos. Boa parte da imprensa, da academia, da música, das artes e do poder institucional atuam hoje como curadores ideológicos, definindo unilateralmente o que pode ou não ser dito — e quem tem ou não o direito de falar.

Morte de Charlie Kirk é fruto de cultura de desumanização

O assassinato recente de Charlie Kirk, jovem ativista conservador americano, é emblemático. Enquanto os ecos do brutal crime ecoavam pelo mundo afora, chocando a muitos pela violência desmedida, parte da imprensa nacional se apressou a rotular Kirk como “extrema-direita”, como se isso justificasse ou atenuasse a gravidade do crime. É o retrato de uma cultura que desumaniza o adversário político antes de qualquer análise racional, legitimando a violência como método de ação.

O “outro”, o que pensa diferente, deixa de ser um interlocutor para se tornar um “inimigo da humanidade”, um “fascista”, um “obscurantista”. Essa desumanização retórica, a demonização sistemática de adversários políticos, foi a rampa de lançamento para algumas das maiores atrocidades da história, desde a caça às bruxas até os campos de extermínio, onde o ódio ideológico foi a força motriz para a eliminação física ou social.

Esse cenário não apenas fragiliza a democracia como deseduca uma geração inteira para o debate maduro e o respeito às diferenças. A imposição de um único modo “aceitável” de pensar gera cidadãos frágeis, intolerantes e incapazes de conviver com a pluralidade. Um debate vigoroso, a contestação de ideias e a coexistência de visões de mundo distintas são o oxigênio da democracia. Ao criar bolhas de consenso e silenciar a dissonância, minamos a capacidade da sociedade de se autocorrigir, de inovar e de compreender as complexidades do mundo. Forma-se uma geração que, ao invés de argumentar, denuncia; que, ao invés de persuadir, cancela. É o antípoda da Aufklärung, o iluminismo, que pregava a saída da menoridade intelectual através da razão e do livre exame.

Mais do que nunca, é preciso coragem para defender o essencial: o direito de pensar diferente, de criticar ideias, de sustentar valores — mesmo que impopulares. A liberdade não pode ser seletiva, nem controlada por comissões de pensamento autorizado. Ou ela é para todos — inclusive para os conservadores — ou simplesmente deixou de existir.

Conservadores calados no Brasil

No Brasil, casos semelhantes se acumulam: parlamentares conservadores são alvos de ações judiciais por discursos críticos ao ativismo judicial ou ideológico; influenciadores de direita são desmonetizados, censurados ou até banidos das redes sociais por questionarem narrativas hegemônicas; e artistas, jornalistas ou professores que expressem visões dissonantes são rapidamente cancelados, silenciados ou perseguidos.

Enquanto isso, figuras da esquerda radical que pregam abertamente o confronto, o autoritarismo estatal ou mesmo o cerceamento da propriedade privada são tratados com simpatia, espaço e reverência. Marchas com símbolos comunistas — ideologia responsável por mais de 100 milhões de mortes no século XX — são naturalizadas, enquanto qualquer crítica ao progressismo corre risco de ser enquadrada como “intolerância” ou “antidemocráticas”.

Essa assimetria chocante revela a verdadeira natureza do movimento: não se trata de tolerância, mas de controle narrativo. A história está repleta de exemplos de revoluções que, prometendo liberdade, entregaram regimes de opressão ainda mais severos que os anteriores. Da Revolução Francesa, que degolou seus próprios filhos no Terror Jacobino em nome da “virtude republicana”, à Revolução Russa, que substituiu a tirania czarista pelo gulag em nome da “libertação do proletariado”, a supressão da dissidência é o primeiro sinal da degeneração autoritária de qualquer ideal.

O resultado é um ambiente onde a liberdade virou concessão ideológica, e não mais um direito universal. A divergência passou a ser vista como transgressão, e o pluralismo virou ameaça quando não serve ao discurso dominante. Este é um caminho perigoso, pois a supressão de uma forma de pensar abre precedentes para a supressão de todas as outras. É a lógica da “porta estreita”, que progressivamente se fecha sobre qualquer um que não se alinhe à visão da vanguarda ideológica. A pluralidade não é um luxo, mas a garantia da vitalidade democrática e da resiliência social.

Essa intolerância não é apenas uma abstração acadêmica ou um exagero retórico — ela já está transformando a vida concreta de pessoas comuns. Carreiras são destruídas por opiniões expressas fora do consenso progressista; pais perdem o direito de educar seus filhos segundo seus valores; influenciadores de direita tem seus canais bloqueados ou derrubados; jovens conservadores são socialmente isolados dentro de universidades e ambientes culturais que dizem defender a diversidade — desde que seja de um só lado.

A “tolerância seletiva” não é tolerância; é uma forma insidiosa de opressão que disfarça a intolerância com o manto de uma suposta superioridade moral. O ostracismo social e profissional, a desmonetização e o cancelamento são as novas guilhotinas virtuais, capazes de destruir reputações e meios de subsistência de forma tão eficaz quanto as perseguições físicas do passado e os assassinatos, que continuam a fazer parte do “repertório” político das esquerdas.

Parte da imprensa, que deveria zelar pelo pluralismo de ideias, tem servido como ferramenta de linchamento moral, validando rótulos e narrativas que legitimam o silenciamento seletivo. Ao reduzir o conservadorismo a “extremismo”, naturaliza-se a perseguição e se enfraquece o debate público, que deveria ser o espaço da verdade disputada — não da verdade imposta.

Quando se alinha a uma agenda ideológica e abandona seu papel de guardiã da pluralidade e do contraditório, a imprensa trai sua própria missão. Ela se torna não um pilar da democracia, mas um braço de um partido ou de uma corrente de pensamento, minando a confiança pública e deixando a sociedade órfã de um espaço de informação isenta e de debate honesto.

O que está em jogo não é uma disputa entre direita e esquerda, mas entre civilização e censura, entre liberdade e controle. Tolerar a perseguição hoje, em nome de uma “virtude ideológica”, é preparar o terreno para uma sociedade onde qualquer dissidência será tratada como crime. E quando isso acontece, não sobra liberdade para ninguém — nem para os que hoje se julgam no lado certo da história.

Reverter essa marcha para a intolerância exige que todos, independentemente de suas convicções políticas, defendam intransigentemente o direito à divergência e o respeito às liberdades individuais. A história nos ensina que a vigilância constante é o preço da liberdade. Se permitirmos que a “direita” seja criminalizada hoje, qual grupo será o próximo a ter suas ideias “proibidas” amanhã? A lição é clara: a liberdade, ou é universal e incondicional, ou é apenas uma quimera, uma concessão temporária à mercê dos poderosos de plantão.

Marcos Degaut é doutor em Segurança Internacional, ex-secretário especial adjunto de Assuntos Estratégicos da Presidência da República e ex-secretário de Produtos de Defesa do Ministério da Defesa.

  • Charlie Kirk entendia o valor real da vida
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