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Seis políticos que se mantiveram influentes após condenados

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Uma condenação na Justiça não necessariamente é o fim da linha para um chefe de Estado.

Alguns políticos continuam a ter grande influência mesmo depois de condenados ou presos. Seja por carisma ou alinhamento ideológico, a situação legal de certos líderes não limita sua atuação no cenário político. Pelo contrário: a percepção de uma condenação injusta pode dar ainda mais força a eles.  

O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) tem agitado não apenas a vida de quem já botou a champanhe para gelar aguardando o possível anúncio da sua prisão. Os vícios jurídicos do processo têm despertado um movimento ainda mais acalorado de seus aliados, eleitores e até mesmo de quem não o apoia, mas se indignou com a condução questionável do caso. 

A sentença de Bolsonaro deve ser anunciada na semana que vem. Independentemente do resultado, uma eventual condenação não eliminará a influência política do ex-presidente. A História mostra que, mesmo condenados, políticos como ele se mantiveram como peças-chave em movimentos, decisões de partido e rumos eleitorais.  

É o caso de Lula e Donald Trump. O presidente brasileiro foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, mas usou a prisão como estratégia para reforçar a narrativa de “preso político”. O americano foi acusado de reter documentos oficiais e de pagar para silenciar uma atriz de filmes pornográficos. Ambos foram reeleitos. 

Veja estes e outros exemplos de líderes que, mesmo condenados ou presos, independentemente de terem sido inocentados, mantiveram forte influência sobre seus aliados e eleitores: 

Luiz Inácio Lula da Silva – presidente do Brasil 

O atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, foi condenado a mais de 26 anos e sete meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato. Lula foi acusado de receber como propina um apartamento triplex no Guarujá e reformas em um sítio em Atibaia, ambos em São Paulo, em troca de contratos com a Petrobras.  

Mesmo com 18 provas, entre comprovantes bancários, certidões de imóvel, trocas de mensagens e registro em vídeo e fotos de visitas ao imóvel, Lula ficou preso por 580 dias (um ano e sete meses) na sede da Polícia Federal, em Curitiba (PR). 

Quando esteve preso, Lula se manteve como o principal nome do PT. O Partido dos Trabalhadores usou a prisão como estratégia política, criando a narrativa de que ele era uma vítima. O movimento ganhou até o slogan “Lula Livre”.  

Em sua cela, Lula recebia correligionários para discutir a campanha do seu substituto na campanha eleitoral, Fernando Haddad, em 2018, e recebia pen drives com gravações de reuniões do diretório e da executiva nacional do PT. Ele também enviava mensagens a seus eleitores para reforçar que era um “preso político”. 

Lula já havia sido preso em 1980, por causa de uma greve considerada ilegal no ABC paulista, e solto após 31 dias por decisão judicial. No entanto, sobre as acusações da Lava Jato, Lula nunca foi inocentado. O STF anulou as condenações em 2021 porque o Supremo entendeu que “a 13ª Vara Federal de Curitiba não era a instância competente para julgar os casos”.  

Donald Trump – presidente dos Estados Unidos 

Donald Trump é o primeiro presidente norte-americano eleito mesmo com uma condenação criminal. Em maio de 2024, um júri em um tribunal de Nova York, composto por 12 pessoas, o considerou culpado das 34 acusações de falsificação de registros comerciais para silenciar a atriz de filmes pornográficos Stormy Daniels. 

Segundo a acusação, Trump pagou Daniels, através de seu advogado, para evitar que ela falasse sobre o suposto caso que teria ocorrido entre os dois, algo que poderia ter abalado sua campanha presidencial de 2016. 

Trump também foi indiciado em diversas acusações criminais em outras jurisdições nos EUA, que vão desde fraude eleitoral até espionagem. Em todas elas, o ex-presidente se declarou inocente e disse que as investigações são uma “caça às bruxas politicamente motivada”. 

Em um destes indiciamentos, um júri federal em Miami o acusou de 40 crimes ligados à Lei de Espionagem e conspiração para obstruir a Justiça. Trump é acusado de reter documentos confidenciais da Casa Branca após deixar o cargo, em 2021. O caso foi rejeitado pela juíza Ailenn Cannonv, nomeada por Trump, pelos mesmos motivos que levaram à “inocência de Lula”: a nomeação do promotor encarregado, Jack Smith, era inconstitucional. 

O mesmo promotor também indiciou Trump por conspiração contra os EUA, obstrução de um procedimento oficial, solicitação de fraude eleitoral e intimidação de testemunhas contra os resultados das eleições presidenciais de 2020. Condenado, acusado ou indiciado (mais de uma vez), Trump foi eleito novamente em 2025. 

Lula se encontrou com Cristina Kirchner na casa da ex-presidente argentina, que cumpre pena de prisão domiciliar por corrupção. Ambos continuaram influentes, mesmo presos. (Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República)

Alberto Fujimori – presidente do Peru 

O ex-presidente do Peru, Alberto Fujimori, foi condenado a 25 anos de prisão pelos massacres de Barrios Altos (1991) e La Cantuta (1992), nos quais agentes do Exército peruano mataram 25 civis, incluindo uma criança. Durante seu governo (1990-2000), Fujimori fechou o Congresso, o Judiciário, o Ministério Público, o Tribunal Constitucional e o Conselho da Magistratura. 

Fujimori continuou sendo uma figura política influente mesmo na prisão. Acusado de violações de direitos humanos, autoritarismo e corrupção, ele mantinha o apoio de políticos, empresários e da população que lhe atribuíam a melhora da economia peruana e o fim do grupo guerrilheiro Sendero Luminoso. Um exemplo desse poder é o perdão humanitário concedido em 2017 pelo então presidente Pedro Pablo Kuczynski. 

Sua imagem de líder que derrotou o terrorismo e estabilizou a economia se fortaleceu por meio de sua filha, Keiko Fujimori, que se tornou a líder do partido político Força Popular. O “Fujimorismo” ainda é uma das forças políticas mais relevantes no Peru, mesmo após a morte do seu líder em 2024, aos 86 anos. 

Silvio Berlusconi – primeiro-ministro da Itália 

Silvio Berlusconi foi eleito primeiro-ministro da Itália por três mandatos, totalizando nove anos em uma gestão controversa. Ele foi acusado de envolvimento em escândalos de corrupção e sexuais, incluindo tráfico humano. 

Berlusconi foi gravado conversando com mafiosos e em trocas de favores com lideranças políticas, além de ter sido condenado criminalmente por fraude fiscal e por ter contratado prostitutas menores de idade. 

Ele já era um dos homens mais ricos da Itália e um magnata da mídia antes de entrar para a política. No início dos anos 2000, cerca de 90% de toda a mídia italiana (televisão e editoras) estava em suas mãos. A origem de sua fortuna, entretanto, nunca foi totalmente clara.  

Segundo a agência de notícias Reuters, Berlusconi chegou a enfrentar 35 processos criminais, mas obteve apenas uma condenação definitiva (fraude fiscal). Ele nunca foi preso. 

A despeito de todas as acusações, Berlusconi manteve uma base de apoiadores fiéis. Tanto que foi eleito em 2022 para o Senado, de onde havia sido expulso em 2013 por fraude fiscal. Assim como Lula, ele teve ajuda: sua sentença foi anulada pelo Supremo Tribunal italiano em 2015. 

O ex-premiê italiano redefiniu a relação entre poder no país e construiu uma imagem de líder forte, pavimentando a polarização que existe até hoje na Itália. Berlusconi morreu em 2023, aos 86 anos, mesma idade de Fujimori.

2d99c5f59133c32f0d9601c9f953923ac67bd51fw.jpgComoção nacional: Pessoas reunidas do lado de fora da Catedral de Milão (Duomo) assistem ao funeral de estado do ex-primeiro-ministro e magnata da mídia italiana Silvio Berlusconi em Milão (Foto: EFE/EPA/MATTEO CORNER)

Cristina Kirchner – presidente da Argentina 

A ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, foi condenada a seis anos de prisão e teve seus direitos políticos cassados por corrupção. A acusação era de que ela liderou um esquema de contratação de obras públicas superfaturadas e fraudou licitações na província de Santa Cruz, berço político do kirchnerismo. 

A denúncia do Ministério Público diz que poucos dias antes de assumir a presidência em 2003, o falecido marido dela, o ex-presidente, Néstor Kirchner, abriu uma construtora chamada Austral Construcciones, cuja sócia era a esposa. A empresa venceu mais de 70% das licitações para obras rodoviárias durante os 12 anos em que os Kirchner governaram o país. 

Por ter mais de 70 anos (ela tem 72 anos), Cristina está em prisão domiciliar, o que não a impede de continuar ativa na política. Entre as várias visitas que recebe em seu apartamento em Buenos Aires, o presidente Lula foi ver a amiga em junho. A condenação dela foi fortemente criticada pela esquerda brasileira, como “injusta” e “perseguição política”. 

A sacada do seu apartamento no segundo andar se tornou símbolo da oposição ao governo do atual presidente Javier Milei e ponto de discursos de Cristina, que e reúne apoiadores da esquerda peronista. A secretária-geral do Partido Justicialista (PJ), Maria Teresa Garcia, disse à agência de notícias Reuters que Cristina continuaria na liderança porque “não há outra pessoa que possa levantar a voz como ela”. 

Nicolas Sarkozy – presidente Francês 

O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy, que esteve no Palácio do Eliseu entre 2007 e 2012, foi condenado pelo Supremo Tribunal da França por corrupção e tráfico de influência em 2024. 

O processo que o condenou é conhecido na França como “Caso Bismuth”, em referência ao nome falso que Sarkozy escolheu para abrir uma linha telefônica secundária, que, após ser grampeada, levou a uma investigação a qual resultou no primeiro ex-presidente francês a sentar no banco dos réus. 

Sarkozy também foi condenado, em 2021, a um ano de prisão por financiamento ilegal de sua campanha presidencial de 2012. A Justiça francesa concluiu que a campanha gastou quase o dobro do limite legal. Como resultado das condenações, Sarkozy ainda foi destituído de sua Legião de Honra — a mais alta distinção do país. Mas nunca ficou atrás das grades. Suas penas foram convertidas em prisão domiciliar. 

Embora tenha sido afastado da linha de frente da política, Sarkozy continua altamente influente na direita francesa e mantém contatos regulares com o atual presidente Emmanuel Macron. Além disso, é presença regular no estádio Parc des Princes, seus livros se tornaram best sellers e ele viaja por todo o país, apesar de sua agenda jurídica ocupada. 

Segundo o jornal francês Le Monde, ele está atualmente sendo julgado em um caso separado no qual é acusado de aceitar financiamento ilegal de campanha em um suposto pacto com o falecido ditador líbio Muammar Gaddafi. O tribunal deve dar um veredito em setembro, com os promotores pedindo uma pena de sete anos de prisão para Sarkozy, que nega as acusações. 

  • Leia a íntegra da carta-testamento de Getúlio Vargas, cuja morte completou 71 anos
  • Intervenção na Venezuela? Relembre o resultado das últimas ações militares dos EUA

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