Pesquisa revela ligação entre assassinatos e desaparecimentos no Rio de Janeiro
Uma denúncia anônima feita à central do Disque-Denúncia RJ revelou a existência de um cemitério clandestino na Baixada Fluminense, onde corpos são enterrados e carbonizados, evidenciando uma situação alarmante na região. Especialistas chamam esse tipo de ocorrência de desaparecimento forçado, destacando que muitas vítimas são sequestradas, torturadas e mortas, com seus corpos sendo destruídos ou ocultados para dificultar investigações.
No entanto, o desaparecimento forçado não é considerado um crime tipificado no Brasil, o que torna difícil obter estatísticas específicas sobre essa prática. Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) buscou lançar luz sobre esse fenômeno, analisando denúncias, dados de homicídios e desaparecimentos entre 2016 e 2020 na região.
Os resultados revelaram uma possível relação direta entre os altos índices de homicídios e desaparecimentos. Municípios como Queimados e Nova Iguaçu lideram esses números, com uma presença mais violenta de facções criminosas e milícias. Além disso, áreas com altos índices de desaparecimentos frequentemente estão relacionadas à letalidade policial, indicando um cenário de confrontos e violência constante.
O estudo também analisou dados do Disque-Denúncia, identificando 351 casos de desaparecimentos forçados entre 2016 e 2020. No entanto, a falta de tipificação desse crime no Brasil dificulta o combate e a elaboração de políticas públicas eficazes para proteger os moradores dessas áreas.
Diante desse cenário, especialistas enfatizam a importância da tipificação do crime de desaparecimento forçado no país, para que seja possível mensurá-lo adequadamente e implementar medidas de proteção à população. Enquanto isso, autoridades como a Polícia Civil do Rio de Janeiro destacam suas unidades especializadas na investigação de desaparecimentos, mas ressaltam que muitos casos não estão ligados diretamente à criminalidade, mas sim a questões familiares e de saúde mental das vítimas.
Fontes:
– Disque-Denúncia RJ
– Polícia Civil do Rio de Janeiro
– Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
– Instituto de Segurança Pública (ISP)