Na manhã deste sábado, no Cemitério de Belford Roxo, familiares e amigos se reuniram para o enterro de Luciene da Silva Queiroz Barreto, de 39 anos, morta a facadas pelo ex-marido. Entre os presentes, a filha de 9 anos da vítima não parava de perguntar pela mãe, apesar de já ter sido informada sobre a tragédia.
Luciene foi assassinada na sexta-feira em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Seu ex-marido, Eduardo Lima Barreto, foi preso em flagrante por policiais militares do 39º BPM (Belford Roxo) e autuado por feminicídio na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). Duas facas foram apreendidas com ele.
Patricia Silva, irmã da vítima, relata que a família está devastada. Luciene estava organizando a festa de aniversário da filha, que completará 10 anos em setembro. “Ela era uma pessoa muito boa, sempre alegre, só queria o bem de todos. Ela sabia o que houve, mas continua perguntando pela mãe”, lamentou Patricia.
O crime ocorreu por volta das 6h30 no bairro São Francisco de Assis, quando Luciene chegava ao trabalho. Ela trabalhava como gari na Secretaria Municipal de Conservação há seis meses. Luciene foi levada ao Hospital Municipal Jorge Júlio Costa dos Santos, mas não resistiu aos ferimentos—Eduardo a golpeou uma vez na barriga e duas no tórax.
Eduardo foi preso no bairro São Francisco. Moradores informaram aos policiais sobre sua localização. Imagens de câmeras de segurança mostram Eduardo tentando atacar outras pessoas que tentaram contê-lo. Ele foi preso com duas facas.
Luciene e Eduardo estavam separados há bastante tempo, e ela possuía duas medidas protetivas contra ele. A primeira denúncia contra Eduardo, em 2016, resultou de ameaças e agressão, e Luciene obteve a primeira medida protetiva. No mês passado, após novas ameaças, ela obteve a segunda medida protetiva, proibindo Eduardo de se aproximar dela e de sua família a menos de 300 metros, além de qualquer contato por meio de comunicação. Ele só podia se aproximar do filho através de um intermediário.
O descumprimento das medidas protetivas, a última concedida em maio com prazo de 90 dias, resultaria na prisão preventiva.
O número de medidas protetivas no Rio de Janeiro aumentou 64,3% de 2020 a 2023, passando de 25.421 para 41.766, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça.